sábado, 24 de agosto de 2013

o que quer o pmdb nacional?

Nas últimas três semanas, Dilma Rousseff praticou tudo o que vinha renegando desde que tomara posse na Presidência, há 32 meses. 
Passou a ouvir os que não escutava, a enxergar os que nem olhava, a valorizar o que desprezava e a entregar o que sonegava, sobretudo verbas e cargos. Portando-se assim, como uma presidente de rima pobre, Dilma atingiu a fortuna de acalmar os aliados políticos.
Até meados de junho, a presidente olhava para o Congresso de cima para baixo. Tinha-se a sensação de que ela perguntava de si para si: onde vamos parar? Depois que as ruas rebaixaram o salto de Dilma, os congressistas também passaram a se questionar: onde vamos detê-la? Cruzaram-lhe no caminho uma macumba com um par de galinhas pretas: Orçamento impositivo de emendas e rito sumário de análise de vetos presidenciais.
Noutros tempos, Dilma treparia em cima de sua popularidade, ajeitaria as cartas marcadas e gritaria “truco”. Lipoaspirada pelos protestos de rua, preferiu seguir os conselhos de Lula, o antecessor de alma acomodatícia. Como as oferendas vinham com as bênçãos do PMDB, a presidente tomou três providências:
1. Mostrou às ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) o caminho que leva ao vice-presidente Michel Temer, cuja experiência política acumulada em 24 anos de Legislativo e três presidências na Câmara estava esquecida num gabinete situado em edificação anexa ao Planalto.
2. Incorporou o líder Eduardo Cunha (RJ), evangélico que o Planalto vê como uma espécie de Exu Tranca-ruas do PMDB, à paisagem da sala de reuniões contígua ao gabinete presidencial. Além de sentar-se à mesa com a presidente, o ex-desafeto ganhou a atenção de Dilma e Cia..
3. Dilma restituiu ao PMDB o sonho de dispor de ministérios com de “porteira fechada”, livres de intrusos, sobretudo os “olheiros” petistas de Dilma. Ela autorizou os ministros da legenda a preencher os cargos de livre nomeação de suas respectivas pastas. Fechou o ciclo do toma-lá na expectativa de ver restabelecido o moto-próprio do da-cá.
O governo ganhou outra dinâmica. O Palácio do Jaburu, residência oficial de Temer e antiga sede das lamentações do PMDB, tornou-se o epicentro de articulações pró-governo. Ali foram esboçados os entendimentos que permitiram a Dilma prevalecer na primeira sessão convocada pelo Congresso para analisar vetos presidenciais 30 dias depois de publicados. Contrariando as expectativas, nenhum veto foi revisto.
No Planalto, em menos de um mês, Dilma fez mais reuniões políticas do que fizera em dois anos e oito meses de mandato. Junto com Temer, recebeu duas vezes os líderes governistas da Câmara e os do Senado. Sozinha, reuniu-se com a bancada de senadores do PT, para compensar encontro que tivera com os petistas da Câmara. De resto, manteve o hábito de avistar-se com Lula a cada 15 dias.
Há uma diferença notável entre a Dilma pré-protestos e a Dilma atual. Agora, a presidente ouve os interlocutores com respeito. E responde com compostura. Ou seja: ela está completamente fora de si. Nas sequência de um dos encontros, a ex-Dilma chegou mesmo a comentar que considerara sensatas as observações feitas por Eduardo Cunha.
Dilma jamais digerira Cunha. A simples audição do nome causava-lhe engulhos. Sob Lula, o deputado tornara-se um poderoso padrinho de nomeações em Furnas. Eleita, Dilma enxergou na estatal elétrica anormalidades eletrizantes. E desalojou a turma de Cunha, que atribuiu a má-vontade da presidente à artilharia do PT do Rio. Cunha prometera o troco: “Quem com ferro fere com ferro será ferido.”
Coube a Temer abrir os olhos de Dilma para o obvio. Eduardo Cunha virou líder do PMDB. Toca de ouvido a segunda maior bancada da Câmara. Negar-lhe atenção seria tolice. Quando era deputado, o cardeal Ciro Gomes (PSB-CE) chamava Cunha de “arcebispo”. Voltou para o Ceará sem decifrá-lo por completo. “Ele casa, descasa e faz batizado aqui. Qual a explicação para isso?” Enquanto procura a resposta que Ciro não encontrou, Dilma achou melhor estreitar a inimizade.
Aos pouquinhos, os mimos dirigidos ao PMDB começam a ser estendidos aos outros sócios do condomínio. Além da pacificação no Congresso, Dilma tenta reconquistar a simpatia das legendas que compuseram a megacoligação de 2010. Ela faz isso num instante em que os presidenciáveis de outras legendas ciscam ao redor.
blog do Josias
O PMDB é o que é. Não importa quem seja o governo de plantão o partido participará, enquanto puder casar, descasar e batizar...
Leiam a postagem a seguir e tirem suas conclusões.

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