A valorização do
dólar e a recuperação de preços no mercado internacional levaram os produtores
de camarão do Nordeste a investir novamente no mercado europeu.
Desde julho, o
crustáceo está sendo vendido para países como França e Espanha. Os primeiros
contêineres saíram de Ceará e Rio Grande do Norte, Estados que concentram cerca
de 75% da produção nacional.
O Brasil atingiu
o pico das exportações de camarão em 2003, com 58,5 mil toneladas. Em dez anos,
as vendas internacionais despencaram; no ano passado, nem houve exportação.
A principal
causa para a queda foi o real valorizado, que fez o produto brasileiro perder
competitividade. O aparecimento da doença da mancha branca, causada por um
vírus, afetou a produtividade de viveiros e inviabilizou criações,
principalmente no Sul do país.
Volta
ao mercado internacional é tímida, mas deve se intensificar em 2014
Segundo o
presidente da ABCC (Associação Brasileira dos Criadores de Camarão), Itamar
Rocha, a reentrada no mercado internacional ocorreu de forma tímida, com a
venda de 200 toneladas em julho, mas deve ser ampliada nos próximos meses.
“O nosso camarão
sempre teve uma procura muito boa em países como França e Espanha, e agora
temos preço e competitividade. Começamos a exportar apenas para mostrarmos a
nossa qualidade e mostrarmos a ‘cara’ novamente. Mas vamos crescer em 2014″,
disse.
Segundo Rocha, o
quilo do camarão (com cerca de 80 a 100 animais de 11 gramas, em média) está
sendo vendido nesses países a cerca de US$ 6,80.
“É um preço
competitivo, considerando que, quando se exporta, não tem PIS, nem Cofins, por
exemplo. Esse valor permite que a gente volte a esse mercado, o que é bom”,
afirmou.
Para
criadores, brasileiro se acostumou a comer camarão
Segundo o
empresário e presidente da Associação de Produtores do Rio Grande do Norte,
Orígenes Monte Neto, a volta ao mercado internacional deve aquecer ainda mais o
setor.
“Representa uma
vantagem para o produtor, que amplia seu mercado. Até 2006, nossa produção era
basicamente para o mercado externo. Nós nos voltamos para o nosso país, e agora
que o brasileiro se acostumou a comer camarão, não podemos deixar de produzir
para cá”, afirmou.
Apesar da
retomada das vendas internacionais, os produtores garantem que não haverá
redução da oferta no mercado interno. “O setor no Brasil só vem aumentando. Se
houver demanda, podemos produzir mais. Nossa prioridade ainda é o mercado
interno”, disse Itamar Rocha.
Produção
deste ano deve chegar a 80 mil toneladas de camarão
Em 2012, o país
produziu 75 mil toneladas de camarão, que foram totalmente comercializadas no
mercado interno. A expectativa é que a produção chegue a 80 mil toneladas este
ano.
Segundo a ABCC,
somente o Ceará deve responder pela produção de 45 mil toneladas este ano –
cerca de 20% a mais que em 2012. O Rio Grande do Norte deve ficar na faixa de
25 mil toneladas. Os Estados da Bahia, Paraíba, Piauí e Sergipe respondem por
quase todo o resto da produção nacional.
A associação tem
1.545 produtores. Desse total, 75% são micro ou pequenos produtores, 20% são
médios e apenas 5% do total de empresários são considerados grandes.
Fonte: Uol
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