sábado, 21 de setembro de 2013

Projeto Áridas — Nordeste: Uma Estratégia para Geração de Emprego e Renda

TEXTO PARA DISCUSSÃO Nº. 387
OUTUBRO DE 1995
Ricardo R. A. Lima

APRESENTAÇÃO
O trabalho que se segue é uma estratégia, por isso é apresentado como tal e não como um texto acadêmico. Foi realizado baseando-se nos estudos do Projeto Áridas e beneficiou-se, particularmente, daqueles que tratam de emprego, pobreza e exclusão social.

No espírito do Projeto Áridas, e tratando-se de uma estratégia global para a região nordestina, não busquei detalhá-la para espaços subregionais.

Cada estado, cada município poderá fazê-lo levando em conta suas peculiaridades, suas potencialidades, a vontade da sociedade organizada e as linhas gerais aqui apresentadas.

A execução desta estratégia deverá envolver muitos atores e esferas de decisão.

Há decisões nacionais, como a criação e consolidação do Sistema Público de Emprego, a definição de políticas e a alocação de recursos para infra-estrutura econômica e social. Outras, semelhantes, terão caráter regional e serão objeto de deliberação em fóruns nacionais e regionais. Outras, ainda, serão estaduais, municipais ou envolverão uma pequena comunidade.

Os atores serão públicos e privados, com grande ênfase para a intensa participação da sociedade organizada desde a concepção de diretrizes políticas e programas até a execução, na qual a parceria do público com o privado será estimulada sempre que possível. Muitas das ações preconizadas serão realizadas exclusivamente pelo setor privado.

Por mais importante que seja a estratégia apresentada para gerar emprego e renda, estou convencido de que as precondições aqui apontadas para se alcançar aquele fim são, no mínimo, tão importantes quanto ela própria. Sem Educação, sem o Sistema Público de Emprego e sem os investimentos em infra-estrutura mencionados ao longo do trabalho, não vejo como a estratégia para geração de emprego e renda possa ter eficácia e sustentabilidade.

Quanto a precondições, há outras duas que aparecem implícita ou explicitamente ao longo de todo o trabalho e que têm a ver com as políticas macroeconômicas do país. São elas o crescimento — que por si só já é uma estratégia de geração de emprego e renda — e a estabilidade econômica, sem a qual o planejamento e a definição de estratégias de longo prazo tendem a ser exercícios inúteis e frustrantes.

Há também que se considerar ações complementares. Entre muitas que seria possível relacionar, há que destacar-se uma: o combate à pobreza. O mercado de trabalho pode, com certeza, absorver grande parte da população desempregada e subempregada. Mas sempre — especialmente em situações nas quais a pobreza atinge uma parte muito grande dos habitantes de uma região — haverá grupos residuais que não têm como ser absorvidos. Pelo menos, não antes de serem assistidos e gradualmente reintegrados ao mundo dos cidadãos.

Nada garante tampouco que o mercado vá resolver problemas de distribuição desigual de renda. Assim, também por esta razão, serão necessários programas de combate direto à pobreza — que não têm sustentabilidade, que não resolvem o problema da distribuição, mas que ao menos tentam atenuá-lo.

Esta apresentação ficaria incompleta sem muitos agradecimentos que, infelizmente, serão muito mais genéricos do que eu gostaria.

Em primeiro lugar, devo muito aos companheiros do Projeto Áridas, com quem muito aprendi. Entre estes, incluo o ex-ministro Beni Veras, grande entusiasta e estimulador do projeto. Quero agradecer particularmente aos coordenadores com quem convivi mais intensamente nos últimos seis meses, e ao coordenador geral, Antônio Rocha Magalhães, a quem devo a maior cota de aprendizado.

Agradeço também as grandes contribuições de Leonardo Guimarães Neto e João Policarpo R. Lima, consubstanciadas nos estudos sobre emprego, pobreza e exclusão social, parte do Projeto Áridas; dos técnicos do Sine — CE, do BNB e de Jorge Jatobá, da UFPe, com quem me reuni longamente para discutir este trabalho antes de iniciá-lo; de Luiz Eduardo Montenegro Castelo, do IPEA e do Áridas, pelas sugestões e estímulo; de Roberto Cavalcanti de Albuquerque, do Inae e do Áridas, pelas discussões sobre a concepção do trabalho e por seus comentários enriquecedores; e de Celeste Stefaisk Nunes, que compartilhou do esforço de produzir e editar este texto com inestimável dedicação.


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