Muito ainda precisa ser feito para melhorar o trabalho das cortes
que fiscalizam os recursos públicos, acredita colunista. “A cada dia, mais críticas
surgem a respeito da escolha dos seus membros mais graduados, conselheiros e
ministros”
Não é
de hoje que sabemos que a chamada “voz das ruas” nada mais deseja que o
devido monitoramento dos gastos e investimentos públicos nas diversas áreas do
nosso dia a dia. No âmbito institucional, esse monitoramento é feito por
instituições de controle como os tribunais de contas,
em suas três esferas, união, estados e, alguns poucos, municípios. O trabalho
desses tribunais é uma espécie de auditoria externa de contas, uma coisa até
bem usual em qualquer empresa idônea, séria e transparente. E se é usual no
mundo privado, mais urgente ainda teria de ser na esfera pública. Mas até que
ponto o papel dessas instituições está de acordo com o que a sociedade espera
delas?
A cada dia, mais críticas surgem a respeito
da escolha dos seus membros mais graduados, conselheiros e ministros.
Atualmente, a escolha final é feita pelo chefe do Executivo, o que deixa margem
para um jogo político muitas vezes pouco transparente. Não custa lembrar que o
trabalho dos tribunais de contas é justamente verificar se o poder Executivo
está gastando o dinheiro público de maneira correta e eficiente.
E é por isso que algumas entidades da
sociedade civil estão organizando uma discussão fundamental sobre o papel dos
tribunais de contas para a cidadania. Dentre elas, a Rede Nossa São Paulo,
o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), o Instituto Ethos, a
Associação dos Membros do Ministério Público de Contas (Ampcon) e a Fundação
Getúlio Vargas.
O evento será realizado agora na próxima
segunda-feira (18) e pretende debater propostas para modernizar e tornar os
tribunais de contas municipais e estaduais mais transparentes e acessíveis aos
cidadãos. O estudo de caso será sobre o Tribunal de Contas do Município de São
Paulo (TCM-SP).
Muito ainda precisa ser feito para termos
tribunais de contas realmente cidadãos, mais voltados ao bem comum e menos
permeáveis a interesses externos. Como alertou recentemente o procurador Diogo
Ringenberg, presidente da Ampcon e um dos debatedores convidados, “um tribunal
de contas técnico e menos político será mais eficiente e usual para a
sociedade. Grande parte das mazelas sociais poderiam ser evitadas caso a função
das cortes de contas fosse levada a sério no país”. Para Elda Fim, da Ong
Moral, dedicada ao monitoramento de gastos públicos, o importante é fortalecer
as auditorias dos tribunais de contas, deixando para o Ministério Público o
julgamento das contas auditadas.
Mas, para isso funcionar, é preciso conhecer
e reconhecer os avanços, as falhas e o que pode ser melhorado nessas
instituições. E o debate “Tribunal de contas, esses ilustres desconhecidos” vem
em boa medida para isso. Até porque estarão presentes especialistas que se
dedicam a esse tema há muito tempo, como os representantes do Instituto Ethos,
do MCCE, do TCE-RS, do TCM-SP, da FGV, da Confelegis, da Fenastc, e muitos
outros.
Vamos acompanhar esse tema, pois, para mudar
mesmo esse país, precisamos superar a voz das ruas e nos tornarmos verdadeiros
agentes de cidadania, aqueles que participam do debate com propostas de
políticas públicas objetivas e eficientes.
Jorge Maranhão é publicitário, consultor e escritor. Atualmente
dirige o Instituto de Cultura de Cidadania A Voz do Cidadão
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