A torta de mamona,
subproduto do processo da extração de óleo da semente da mamona, possui alto
teor proteico e aparece como alternativa para a alimentação animal e para a
produção de materiais biodegradáveis. Pesquisa da Faculdade de Zootecnia e
Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP comprovou que o produto pode ser
considerado uma matéria prima de boa qualidade, pois apresenta um alto teor de
proteína e fibras.
Em sua pesquisa de
doutorado, a bióloga Roseli Sengling Lacerda trabalhou com a extração de parte
da proteína da torta de mamona, caracterizando quimicamente os resíduos da
extração da proteína com a finalidade de verificar o potencial de uso na
alimentação animal. “A outra proposta foi estudar a utilização da proteína na
produção de material biodegradável, como por exemplo, a confecção de sacos
plásticos para serem utilizados em mudas para a agricultura”.
A extração das
proteínas foi realizada em laboratório empregando-se agentes alcalinos, como o
hidróxido de sódio e hidróxido de potássio, em diferentes concentrações de pH.
“Os pH variavam de 10 a 12, numa escala que vai de 1 a 14. Foram analisados a
influência de vários fatores no processo de extração de proteínas, como a
concentração da torta na solução de extração, a velocidade de agitação, a
temperatura e o tempo de extração”. A solução sobrenadante da extração foi
direcionada para as pesquisas relacionadas ao desenvolvimento de material
biodegradável e o resíduo da extração, aos estudos referentes à alimentação
animal.
Segundo a
pesquisadora, as sobras do processo de extração apresentaram elevados teores de
proteínas, fibras e minerais, o que caracteriza um grande potencial para serem
utilizados na alimentação animal. “Os resíduos possuem boas características
para substituir, em parte, o farelo de soja, uma das principais matérias primas
utilizadas na formulação de ração para ruminantes”.
Roseli ressalta que
o processo de extração das proteínas em meio alcalino se mostrou um bom
tratamento contra a toxidez da torta da mamona. “À medida que se aumentou o pH,
tanto com hidróxido de sódio quanto com hidróxido de potássio, houve o
desaparecimento da banda de ricina nas análises”. A ricina é uma proteína responsável
pela toxicidade do resíduo.
Potencial de mercado
A pesquisadora
aponta que a possível utilização desses resíduos para emprego em nutrição
animal e de produção de material biodegradável aparece como uma das grandes
alternativas de mercado. Segundo ela, a vantagem está na grande quantidade de
resíduo da mamona encontrado nas indústrias, seja para extração do óleo ou para
produção do biodiesel.
“Atualmente, o
resíduo desta extração é utilizado como adubo orgânico. Assim, com a extração
das proteínas para ser utilizada na produção de material biodegradável e se
eliminados os componentes tóxicos existentes na torta de mamona, podemos
utilizá-lo também como parte da alimentação animal devido ao seu grande valor
proteico”.
Para ela, o próximo
passo a ser dado é a aplicação prática desse processo. “Até o momento foram
realizados apenas ensaios em laboratório. Necessitamos agora de aplicação
prática para que o produto possa ser testado e indicado para a alimentação
animal”.
Quanto aos custos
relacionados à nutrição animal para ruminantes, Roseli acredita que haveria uma
diminuição se o mesmo fosse adicionado como um ingrediente rico em proteína,
como a torta de mamona, que possui grande oferta no mercado.
Agência
USP de Notícias
O que tem de agricultor familiar nordestino decepcionado com a produção de mamona não é brincadeira. Também não é para menos, as promessas de que a produção seria a redenção do agricultor familiar se configuraram, na prática, numa tremenda furada. Quem acreditou se arrepende até hoje.
Entenda o motivo da desconfiança:
Produção de biodiesel é incentivada por cultivo de mamona
Mamona ainda é inviável mesmo recebendo incentivos
Presidente da Petrobras Biocombustíveis descarta a mamona como biodiesel
Reproduzo um trecho do último link:
"A Petrobras Biocombustiveis foi criada ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a estatal petrolífera pudesse fazer com os combustíveis extraídos de plantas oleaginosas o mesmo processo que fora feito para o Brasil atingir a excelência na produção de petróleo.
Porém, uma das "princesinhas" do ex-presidente Lula na época da criação do Programa Nacional de Biodiesel, a mamona teve praticamente descartada a sua produção para biodiesel. De acordo com Rossetto, "nós temos que apreender com os erros" para justificar que a extração do óleo da mamona é pouco eficaz na produção de biodiesel." (Publicada originalmente às 19h 48 do dia 18/09/2013)
Nenhum comentário:
Postar um comentário