quinta-feira, 18 de junho de 2015

RN: A SAÚDE pública na UTI - “tá tudo dominado”...

Já mencionei alguns problemas existentes no SUS, especialmente, aqueles que impactam, de alguma forma, a rede estadual.

A apropriação privada de recursos públicos é uma realidade excruciante. A ocorrência de situações extremas e incompatíveis com as boas práticas republicanas convive com outras legais, mas também reprováveis.

Refiro-me ao sucateamento das Unidades Públicas e a necessidade crescente de “contratualização” dos serviços privados de entidades sem fins lucrativos e cada vez mais de serviços privados.

A dependência crescente dos serviços privados e a falta de reajuste da tabela do SUS vêm produzindo um ambiente perfeito para a exigência e o pagamento de complementação, o chamado “plus”.

Ou seja, os serviços públicos que foram sucateados e menosprezados ao longo do tempo (resta verificar se foi falta de competência administrativa ou ação deliberada) deixaram de gerar receitas aos cofres públicos e, posteriormente, constituíram-se em fonte adicional de sangria do combalido erário.

A impressão é que a parte mais rentável e suscetível à pressão para o estabelecimento do “plus” já está na mão da iniciativa privada e cada vez mais o interesse público se submete, preguiçosamente, aos ditames e exigências dos prestadores.

O que dizer da dependência absolutamente da contratação de cooperativas? Como aceitar a justificativa de que não existe alternativa? Como é possível compreender que é cada vez mais fácil pagar mais “por fora” do que remunerar mais “por dentro”?

É o prolapso do Poder Público. Aceitou-se a deformidade como algo fortuito e incontornável. A fragilização e enfraquecimento contumaz das estruturas foram buscados com método e numa “cirurgia” longa e sem anestesia o “Poder” foi retirado a fórceps do “Público”. Passaram a caminhar separados: o “poder” com os prestadores privados e a conta com o “Público”.

A “captura” e a “capitulação” são evidentes. Os pactos construídos servem aos interesses privados e para tanto bastou à captura de posições estratégicas na estrutura administrativa. À “fome” se juntou a “vontade de comer” e tudo se deu sob o manto da legalidade. Pode até ser legal, mas continuar insistindo em tal conduta é, para dizer pouco, frustrante.


Detesto reconhecer, mas “tá tudo dominado”... 

A utopia se esfacelou!!!

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