Hoje, 07
de abril, comemora-se o "Dia Mundial da Saúde". A data foi
estabelecida em 1948 e serve para homenagear a criação da Organização Mundial
da Saúde (OMS).
"Todos os anos campanhas são realizadas a respeito de
um tema diretamente relacionado com a saúde. Essas ações são importantes para
que a população aprenda a se cuidar e informe-se sobre seus direitos quando o
assunto é promoção da saúde (mais AQUI)."
O que
temos para comemorar?
No
Brasil, os avanços foram inegáveis. Inúmeros programas foram estruturados,
destacando-se: Saúde da Família, Saúde Bucal, SAMU, UPA's, CAPS e Mais Médicos
e os indicadores melhoraram significativamente.
O que
temos para lamentar?
De outro
lado, campeiam a má gestão, a corrupção e a utilização distorcida das
políticas, programas e estrutura da saúde para fins diversos ao interesse
público.
Nesta
postagem, sinteticamente, cuidarei deste último aspecto.
Creio que
as distorções obedecem à lógica que predomina no ambiente político nacional, em
que os agentes políticos consideram natural a apropriação e utilização dos
instrumentos do Estado para execução de seus interesses.
Leia:
“Fisiologismo é um tipo de relação de poder político em que ações políticas e decisões são tomadas em troca de
favores, favorecimentos e outros benefícios a
interesses privados, em detrimento do bem comum. É um fenômeno que
ocorre frequentemente em Parlamentos,
mas também no Executivo, e está estreitamente
associado à corrupção política, uma vez que os partidos
políticos fisiologistas apoiam qualquer governo - independentemente da
coerência entre as ideologias ou planos programáticos - apenas para conseguir
concessões deste em negociações delicadas” (Wikipédia).
Sem dúvida o país atravessa uma quadra adversa (zika, dengue, hospitais
em colapso...), mas isso não impediu de se colocar o Ministério da Saúde como
moeda de troca para se angariar votos contra o impeachment. Fisiologismo na
veia.
No RN, tem-se um quadro técnico na condução da pasta da Saúde, mas é
crescente a boataria que o governo estaria disposto a repassá-la para um
político. Especulou-se o nome do deputado estadual Vivaldo Costa como
alternativa para fortalecimento do PSD (partido do governador) em Mossoró.
A operação cruzada (e esdrúxula) se daria da seguinte forma: Vivaldo
assumiria a Saúde e a primeira suplente, Larissa Rosado, voltaria ao parlamento
potiguar, com o compromisso de apoiar o governo e ainda ‘vitaminar’ o projeto
de reeleição do prefeito mossoerense. Fisiologismo na veia.
As indicações políticas não são
ilegítimas, mas, nos exemplos citados e em tantos outros (de todos os matizes
políticos), têm-se a nítida percepção de que o interesse público não interessa.
Some-se ao fisiologismo a
prática do assistencialismo (em sua conotação pejorativa) que corre solta na área
da saúde e logo se compreende que temos muito para lamentar.
Leia:
“1. soc doutrina, sistema ou prática
(individual, grupal, estatal, social) que preconiza e/ou organiza e presta
assistência a membros carentes ou necessitados de uma comunidade, nacional ou
mesmo internacional, em detrimento de uma política que os tire da condição de
carentes e necessitados”.
“2. pol pej. sistema ou prática que se
baseia no aliciamento político das classes menos privilegiadas através de uma
encenação de assistência social a elas; populismo assistencial.” (AQUI).
O cidadão que
necessita de cuidados para recuperar a saúde, portanto num momento de
fragilidade, e que não consegue atendimento recorrendo aos canais tradicionais
acaba nas mãos de oportunistas que não se sentem constrangidos em “vender”
facilidades.
Facilita-se o acesso,
mas o cidadão fica devendo um favor. Um serviço que é público, capturado por cupinchas,
passa a servir ao projeto de poder político de inescrupulosos.
O direito à saúde é
expresso na Constituição Federal e regulamentado na Lei 8.080 de 1990. A “saúde é um direito fundamental do ser
humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno
exercício”.
É obrigação do Estado
criar os canais de acesso, sem necessidade de intervenção de agentes políticos,
sem favorecimentos, sem constrangimentos e/ou favorecimentos, mas, na prática,
não é isso que ocorre.
Faz parte da cultura
local se recorrer a intermediação de agentes políticos para se conseguir acesso
aos serviços públicos de saúde e isso se torna necessário por que os gestores
consideram indispensável que o cidadão fique lhe devendo um favor.
Quem já precisou
falar com um prefeito para conseguir uma medicação ou procedimento especializado
sabe do que estou tratando.
A penúltima estratégia
(isso por que tem sempre uma estratégia nova sendo testada) é informar ao usuário
do SUS que não é possível atender ao pedido, pois o serviço não é ofertado pelo
Sistema, mas... Caso o usuário fale com o prefeito (ou qualquer outro agente
político) e seja autorizado, o serviço será realizado numa clínica particular.
Pronto. Mais um “favor”
prestado e mais um voto contabilizado.
O fisiologismo, o
assistencialismo politiqueiro, a má gestão e a corrupção já colocaram o SUS na
ala de cuidados paliativos. Só Deus na causa.
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