sábado, 13 de agosto de 2016

A IMPRENSA DEPENDENTE DO RN

Faz tempo que observo um 'fenômeno' em parte da imprensa potiguar, refiro-me a quase completa dependência dos principais e mais acessados canais de informação do RN em relação ao poder público.

Creio que a primeira, talvez única, condição para obter recursos da propaganda institucional dos governos é não emitir opiniões desfavoráveis aos 'patrões'.

O 'mundo cão' da insegurança aparece em programas 'especializados', mas nos canais da mídia pró-governo é tratado quase como um pedido de desculpas e sempre evidenciando a 'luta e o trabalho' dos 'bravos' gestores da área.

Em alguns casos mais escancarados já 'vazaram' cenas deprimentes de entrevistadores 'ensinando' ao governador como ganhar as eleições em Parnamirim.

É verdade que a 'baba grossa' escorrendo no canto da boca, na maioria das circunstâncias, não fica tão evidente. Tenta-se temperar a 'parcialidade' com a divulgação de um ou outro 'probleminha', mas quando uma linha de texto é publicada, por mais que seja assunto conhecido, em desfavor do 'patrão', tem-se uma enxurrada de 'notícias' a favor.

Compreende-se que as 'verbas da publicidade institucional' sejam uma fonte relevante para a manutenção dos canais de mídia. Sabe-se também que tal 'relacionamento' não é novidade. Ao contrário. É coisa antiga e alguns já figuram diretamente nas folhas de pagamento dos diversos órgãos e poderes faz bastante tempo.

A folha da Assembleia Legislativa abriga inúmeros nomes do 'jornalismo' potiguar e, evidentemente, tal imbricamento não ocorre apenas na Casa do Espanto.

O interessante (para as figuras) é que, além de 'baterem ponto' e terem vínculos diretos com o Poder Público, recebem patrocínios e/ou mantêm contratos com o erário através de blogs, sites, jornais, rádios, etc.

Boa parte das 'verbas publicitárias institucionais' vão parar nas contas de muitos 'jornalistas' que têm vínculos com o erário como servidores públicos e mantêm, simultaneamente, contratos com o Poder Público (Administração Direta e Indireta).

Existem exemplos notórios e todos sabem. As figuras e canais de mídia são conhecidíssimos, inclusive dos órgãos de controle. Quem se interessa?

Interessa é cobrar do ASG do Estado que, porventura seja também ASG de uma prefeitura. Para tais a Lei é implacável, mas quando é a 'papa fina' que abocanha, com força, pedaços 'suculentos' do dinheiro público, tem-se um melindre danado. São cristais. Coisa fina.

Conclusão

Duas mazelas se mesclam:
1 - A dependência dos cofres públicos que serve para controlar (truncar) as informações;
2 - As relações promíscuas que TODOS fingem não saber.

Não se enganem. Tal 'arranjo' ainda é bastante eficiente no que se propõe, embora a internet produza cada vez mais ruídos e perturbações para os governantes e acólitos da 'missa negra' bancada com dinheiro público.

Quer tirar a 'prova dos nove' do que escrevo?
Acesse um canal de informações e observe os anunciantes/patrocinadores e confira o 'conteúdo' jornalístico, geralmente, a babada é grande. 


Confira!
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Atualizando em 15-08-2016:

A polêmica sobre a ampliação surpreendente do patrimônio do prefeito mossoroense ilustra o que escrevi sobre as verbas para propaganda institucional (AQUI). Atentem para as declarações do jornalista César Santos:

“Se você bota um material que o cidadão não gosta, ele vai à Justiça. Se um veículo não elogia, o governante corta. A gente vive em censura permanente. A publicidade é para ações de governo e não para jornalista elogiar quem está no governo”, destacou o jornalista.

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