A campanha de Mossoró entrará para a história pelas declarações inusitadas da primeira dama.
A primeira declaração que repercutiu muito foi uma cobrança pública ao governador Robinson Faria. A primeira dama mossoroense tentou 'encurralar' o governador e ouviu uma resposta seca da primeira dama estadual.
Colocaram panos quentes e o arranca rabo esfriou, mas a língua solta da primeira dama voltou a causar polêmica na campanha.
A matéria a seguir, a partir de uma gravação de uma reunião, deslinda um rosário de práticas corriqueiras nas campanhas do RN, mas que ninguém trata tão abertamente em público (ainda que seja um público restrito e de suposta confiança).
Espero que a primeira dama continue falando pelos cotovelos... Quem sabe alguns deixem de se fingirem de surdos.
Por Dinarte Assunção
Amélia e o
marido, que em recente vídeo cobrou posicionamento do governador sobre apoio à
sua campanha.
Uma reunião entre a primeira-dama de Mossoró, Amélia
Ciarlini, e correligionários de seu núcleo duro expôs as tratativas às quais
recorreu a campanha para reeleição do prefeito Silveira Júnior (PSD).
Na conversa, gravada por um dos participantes,
Amélia cita que existe um pacto político com a campanha adversária de Tião da
Prest (PSDB), para que nem Silveira nem ele ataquem um ao outro. Para deixar
claro os termos do acordo, ela ainda explica que Tião está agindo nas bases
eleitorais diretamente com dinheiro.
O diálogo ocorreu dias após Amélia ir ao Facebook
cobrar do governador Robinson Faria apoio à campanha do marido.
Segundo apurou
a reportagem, o encontro que acabou gravado e vazado foi feito na residência do
prefeito Silveira Júnior.
Além de Amélia, foram identificados na conversa
Frederick Escóssia, um dos homens de confiança do prefeito e o jornalista Neto
Queiroz, cuja agência de publicidade presta serviço à Prefeitura de Mossoró e à
Câmara Municipal.
Todos os quatro foram procurados pela reportagem.
Apenas Neto Queiroz concedeu entrevista e negou o teor da conversa, que foi a
seguinte:
FREDERICK
ESCÓSSIA […] Eu acho que é uma deixa.
AMÉLIA CIARLINI:
Peraí, deixa eu dizer aqui uma coisa. Eu num vou bater em Tião também.
FREDERICK: Não
é…
AMÉLIA: Nós
vamos falar de Tião também. Porque a gente não falou de Tião e já tem quatro
dias que ele tá na frente da UBS [unidade básica de saúde].
NETO QUEIROZ: Na
frente da UBS?
MULHER NÃO
IDENTIFICADA: No programa eleitoral dele
AMÉLIA CIARLINI:
Eu não tenho pra que mentir e não minto pá [sic] ninguém, e é por isso fiz
aquele vídeo. Existe um pacto entre Tião e Silveira, certo? Tanto jurídico como
político. Esse pacto é… você… Quem tiver melhor, certo, faz a junção. Para não
morrer e os Rosado não voltar [sic]. Não existe uma nem certa nisso. Tudo pode
mudar.
NETO QUEIROZ:
[…] Nenhuma agressão entra. Nem nós batemos em Tião nem Tião bate na gente. Nem
juridicamente a gente aciona eles em nada nem eles acionam a gente em nada. E
nem a gente agride de lá e nem ele agride de cá. O nosso objetivo comum é
Rosalba.
Em outro trecho
da conversa, Amélia deixa ainda mais claro os termos do acordo:
AMÉLIA: Tião não
está jogando com os vereadores. Tá jogando com as bases, indo direto pro
dinheiro. Então, ou seja, a gente cresce no nosso discurso e ele cresce em cima
de Rosalba. Ok?
Outro lado
Amélia Ciarlini, Frederick Escóssia e Tião Prestes
foram procurados pela reportagem do portalnoar.com para comentar o assunto. Nem
um dos três atendeu ou retornou as ligações. A reportagem deixou mensagem em
suas caixas postais.
Neto Queiroz negou o encontro. “Não, não tenho
nenhum conhecimento sobre isso. É a primeira vez que ouço falar sobre isso.
Você poderia ouvir Frederico. Mas não, não tenho conhecimento desse encontro.
Precisaria ouvir para ter algum tipo de lembrança”.
Informado que a reportagem então poderia
disponibilizar o áudio para que ele ouvisse, Neto aceitou, informando que, em
seguida, retornaria. Ele alegou posteriormente que o acordo mencionado não se
sustenta. “Prova mais cabal disso são as ações ajuizadas um contra o outro, ou
seja, fatos que demonstram que isso não existe”.
Neto Queiroz ainda criticou o áudio. Segundo
afirmou, a peça é premeditadamente editada e “que se trata de peça de
marketing de quem está querendo vender para opinião pública esse suposto fato,
visando obter dividendos eleitorais. Por fim, Importante salientar que
gravações de conversas em ambientes fechados, sem o conhecimento do gravado,
constitui prova ilícita. Portanto a informação se baseia em gravação editada e
colhida de forma ilícita”.
*Atualizado para o acréscimo de informações.
PORTAL NO AR
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