segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Nordeste: divisão territorial do trabalho agropecuário formal (fruticultura e soja)

O objetivo da pesquisa é compreender a divisão territorial do trabalho agropecuário formal nas áreas de expansão do agronegócio da fruticultura e da soja no Nordeste como signo da expansão do capital no campo. 

Para isso utilizamos a metodologia baseada na organização e execução de uma matriz metodológica a partir da base de dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e do Cadastro de Empregados e Desempregados (CAGED), ambas pertencentes ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A adequação ao modelo preconizado pelo agronegócio no Nordeste brasileiro tem se processado de forma bastante veemente, graças ao constante processo de reestruturação produtiva da agropecuária. Nesse modelo, a natureza não representa um fator ofensivo à regulação econômica do território. 

Atualmente as áreas de expansão da agropecuária moderna têm se organizado a partir do desenvolvimento de atividades altamente lucrativas. É o caso da fruticultura que ocupa os vales úmidos dos rios São Francisco, Açu e Jaguaribe, bem como a expansão da sojicultura nos cerrados nordestinos, mais precisamente nos Estados do Maranhão, Piauí e Bahia.


A consecução do agronegócio no campo nordestino acelerou o processo de transição da terra de trabalho para a terra de negócio (MARTINS, 1991) via expropriação dos trabalhadores rurais e o crescimento do processo de territorialização do capital através da chegada de empresas agropecuárias, lócus da reprodução de formas de afirmação e negação do capital. 

Os rebatimentos para a classe trabalhadora se evidenciaram mediante o aumento do estoque de empregos formais no setor da agropecuária no Nordeste, sobretudo nas áreas de produção da fruticultura e da soja. A reestruturação produtiva agropecuária também acarretou inúmeras mudanças no perfil da classe trabalhadora como o aumento da participação das mulheres, da demanda por trabalho especializado e o surgimento de novas categorias sócio-ocupacionais. 

As áreas de expansão do agronegócio também foram exemplos da extrema precarização dos trabalhadores onde os mesmos atuam em extensas jornadas de trabalho, muitas vezes, em condições não compatíveis aos preceitos das normas trabalhista. 

Conclui-se que os trabalhadores do agronegócio no Nordeste estão numa verdadeira encruzilhada, pois destituídos dos meios de produção se submetem quase que inevitavelmente a venda de sua força de trabalho sendo alvos fáceis para a ocupação em atividades precárias. Contrariamente ao movimento de expansão do agronegócio globalizado e na busca por um novo modelo de orientação da sociedade é que os movimentos sociais nas áreas de expansão do agronegócio apresentaram uma maior dinâmica, através da ocupação de terras para a viabilização da reforma agrária e da soberania alimentar. 

Palavras – chave: agronegócio, divisão territorial do trabalho agropecuário formal, Região Nordeste

Maia AQUI

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