Depois de algumas décadas, as preocupações em torno do desenvolvimentismo voltaram
a ganhar proeminência. O número e a variedade de desenvolvimentistas autodeclarados é cada
vez maior e tudo indica que não irá parar de crescer. Mas isto não deveria surpreender ninguém.
Nos anos 60 e 70, todos eram, em algum grau, marxistas. E, tal como os desenvolvimentistas
atuais, gastaram um tempo considerável para criar um sistema de classificação cada vez mais
complexo, na esperança de mostrar como o seu grupo era o único genuinamente marxista. O
vento mudou de direção e, repentinamente, os marxistas começaram a desaparecer. Boa parte se
converteu ao neoliberalismo e a esmagadora maioria, de forma mais comedida, se
transubstanciou em social democratas. Assim, com a crise de 2008, não deveria causar espanto o
surgimento de um novo movimento de manada: todos se tornaram, desde então, ao seu próprio
estilo, desenvolvimentistas. Contra esse cenário aparentemente monocórdico, recentemente,
José Luis Fiori publicou dois artigos no Jornal Valor que, ao menos aparentemente, almejam
aquilatar o debate em torno dos desenvolvimentismos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário