Uma retrospectiva sobre a economia do Rio Grande do Norte desde
a etapa colonial até a economia capitalista exportadora (passando pela
economia escravista exportadora do século XIX) revela uma certa peculiaridade.
É que, ao contrário da maioria dos estados do Nordeste, o Rio Grande
do Norte não teve marcadamente uma herança colonial escravista. Aqui
o açúcar não teve no período colonial e no império a mesma importância
que em outras províncias, como a de Pernambuco, por exemplo.
Até meados do século XIX, a pecuária e não a cana de açúcar, foi a
atividade econômica predominante. Considerando-se que, na configuração
do “complexo nordestino” a Zona da Mata representava o reduto
da cana-de-açúcar e o Agreste e o Sertão se configuravam como área por
excelência do binômio gado-algodão, temos um quadro em que só os
limites “natural e geográfico” já chegam a definir o RN como uma economia
não açucareira.
Aqui a Zona da Mata e o Agreste representam em
termos espaciais, uma porção bem reduzida do território.
A ocupação do Sertão no Rio Grande do Norte não diferiu dos demais
estados nordestinos e se deu por meio da expansão da pecuária nos
séculos XVI, XVII e XVIII.
Ao mesmo tempo em que a pecuária extensiva determinava para o interior a mesma estrutura fundiária vigente no litoral
onde predominava o latifúndio açucareiro, as próprias condições do meio
(terra inóspita, vulnerável às adversidades climáticas, distantes das zonas
comerciais) excluíam o tipo do grande agricultor senhor de léguas e léguas
cultivadas (DANTAS, 1979, p.64).
Desta feita, ocorre uma distinção entre a
agricultura do Agreste e Sertão no que se refere à exploração agrícola do
solo, sendo porém necessário reter que, tanto no litoral como no interior,
emergia a figura do latifundiário, senhor de terras e de poder sobre vasto
território; enfim, oligarca com autonomia e funções que a propriedade
privada do solo lhe permitia estender para além da agricultura.
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