segunda-feira, 13 de novembro de 2017

'POTÊNCIA' DA DEMAGOGIA E DA MENTIRA...

Não faz muito tempo corria mundo uma informação de que o Brasil estava incluído no rol dos emergentes, com amplas chances de virar potência econômica. Com a descoberta do pré-sal, substituiu-se a demagogia do biocombustível pela mentira da autossuficiência energética.
É bem verdade que não se chegou à ingenuidade de incluir o Brasil entre os países de níveis sociais aceitáveis. Seríamos uma potência econômica, com desigualdades sociais ao modelo quase haitiano. O emergente, hoje, é o Paraguai.
Dentre outros emergentes, caso da Rússia, África do Sul e Índia, o quadro não é tão diferente. Exclui-se a China pelos motivos especialíssimos que cercam aquele mundão de riqueza e miséria habitando o mesmo espaço.
A China fica fora dessa comparação exatamente por ser incomparável. Uma ditadura de casta estatal, indevidamente chamada de comunista, praticante do capitalismo de Estado. Usando mão de obra sub-humana, de baixo custo, enquanto empanturra o mundo com produtos baratos e de qualidade duvidosa.
A Rússia, que saltou do feudalismo para o bolchevismo de 1917, sem esgotar as fronteiras do próprio feudalismo nem iniciar as relações capitalistas, da previsão de Marx sobre o processo revolucionário de superação dos sistemas econômicos, vive a incerteza de uma economia frágil numa democracia de faz de conta. Saltou etapas, patina nas patas. Potência militar, ainda da herança soviética. Tão corrupta e corruptora quando o Pindorama de frei Coimbra.
O Brasil, semelhante na euforia emergente, difere bastante da China e da Rússia. Não tem um mercado internacional de trocas sequer próximo ao da China, nem a influência política da Rússia.
Levamos algumas vantagens internas. Somos uma democracia consolidada; ingênua e marota, esperta e bocó, mentirosa e corrupta, mas formalmente livre. Só formalmente. Materialmente, ainda estamos longe da liberdade. E a ética, por aqui, é o paraíso dos privilégios. Castas polpudas, à tripa forra, a escarnecerem da miséria reinante.
Não se pode chamar de liberdade material uma realidade onde o poder público não tem autoridade sequer para combater criminosos comuns. Um aparato caríssimo dos poderes constituídos e seus agregados, perdidos na escuridão, no meio de uma briga de foice e bala. Os órgãos de controle só controlam os próprios privilégios.
O poder público vai de foice e a bandidagem de metralhadora. Tráfico de drogas e armas às escâncaras, sem política de prevenção. E a repressão ineficiente.
Pois bem. De emergente para a emergência. O Produto Interno Bruto empacou, encruado na estagnação. Inflação diária. Liberdades públicas só na Lei, sem alcançarem as ruas e as casas.
Potência? Só se o resto do lado rico do mundo empobrecer, chegando a nós.
Demagogia e mentira armam a tenda e se aboletam no poder. Mentem governo e oposição.  A atividade política regrediu no caráter e prosperou no embuste.
Economia, sem rumo.
Segurança pública, um terror. Saúde pública, um tumor. Educação pública, uma lástima. Creio no futuro do Brasil, por ele mesmo, mas não confundo esperança com ingenuidade ou fanatismo.
Té mais.
François Silvestre é escritor - VIA BLOG DE CARLOS SANTOS

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