segunda-feira, 15 de outubro de 2018

CAUSAÇÃO CIRCULAR CUMULATIVA E A TEORIA DO SUBDESENVOLVIMENTO DE GUNNAR MYRDAL



Zenaide Rodrigues Ferreira[1]
RESUMO:
O presente artigo tem como objetivo realizar uma revisão da teoria desenvolvida por Gunnar Myrdal e sua contribuição no campo dos estudos sobre as teorias do Desenvolvimento Regional, que apesar de terem sido pensadas em épocas diferentes, ainda exercem de alguma maneira influências em parte da literatura atual e também, possuem identificação com algumas ideias e pensamentos que buscam explicar a estagnação e subdesenvolvimento de várias regiões no mundo. 

Gunnar Myrdal (1972) foi o primeiro autor a perceber e destacar a natureza cumulativa das desigualdades regionais como um processo que seria dificilmente reversível em qualquer sistema econômico, devido aos mecanismos de causação circular. 

Para Myrdal, era inútil buscar um fator que fosse predominante ou isolado de causa e efeito nos processos de desenvolvimento econômico e social, pois tudo era causa de tudo, de maneira circular e interdependente. Analisar a teoria desenvolvida por Myrdal perpassa pela relevância de compreender como o processo histórico e o contexto social e econômico tem relevância no debate ideológico e na formulação de teorias e estratégias que seriam satisfatórias no sentido de fazer com que países retardatários alcançassem a trajetória de crescimento econômico. 

Tais estudos implicam na forma como considerações relacionadas às estruturas econômicas, institucionais, às sociedades, a política, o mercado, o poder, os interesses e as convicções dos agentes econômicos e dos formuladores de estratégias de desenvolvimento, iriam orientar as ações práticas recomendadas por esses estudos.

Palavras-chaves: Gunnar Myrdal, Causação Circular e Cumulativa, Subdesenvolvimento.

ABSTRACT
The hereby article has as main objective to conduct a review of the theory developed by Gunnar Myrdal and its contributions to the field of Regional Development studies, which in spite of have been thought in different periods, somehow still exercise influence over part of the current literature and additionally, possess strong identification with some other ideas and thoughts that seek to explain stagnation and underdevelopment in many regions of the world. Gunnar Myrdal (1972) was the first author to notice and outline the cumulative nature of regional inequalities as a process that would be hardly reversible in any economic system, due to circular causation mechanisms. For Myrdal, it was pointless to search for a factor that was predominant, or cause-effect isolated in economic and social development processes, since everything was caused by everything, in a circular and interdependent way. To analyze the theory developed by Myrdal implies understanding how historical processes and the economic and social context are relevant in the ideological debate and in formulation of theories and strategies that would be satisfactory in the sense of making underdeveloped countries reach the path to economic growth. Such studies analyze the way how considerations related to economic, institutional, social, political, market and power structures, in addition to the interests and convictions from economic agents and development strategies makers, would guide the practical actions recommended.

Key words: Gunnar Myrdal, Circular and Cumulative Causation, Underdevelopment.


1.      Introdução

Gunnar Myrdal (1960 [1972]) foi o primeiro autor a perceber e destacar a natureza cumulativa das desigualdades regionais como um processo que seria dificilmente reversível em qualquer sistema econômico, devido aos mecanismos de causação circular. Por esse motivo, para ele era inútil buscar um fator que fosse predominante ou isolado de causa e efeito nos processos de desenvolvimento econômico e social, pois tudo era causa de tudo, de maneira circular e interdependente.
Acreditando nesse paradoxo, as desigualdades econômicas entre países corresponderiam, para Myrdal, a um modelo definido e de muito simples entendimento. Bastava para ele observar o fato de que, em meados do século XX os países mais ricos - que corresponderiam apenas 1/3 de toda humanidade - detinham os maiores níveis de renda per capita mundo. Esses seriam países na fronteira da industrialização, com altos índices de investimentos domésticos e ascensora formação de capital físico e humano. Os outros 2/3 restantes do mundo corresponderiam a uma diminuta percentagem da renda dos países do primeiro grupo associados a débeis índices de desenvolvimento econômico e social caracterizando-os como países altamente marcados pela estagnação.
Essas especificidades, não obstante, podem ser verificadas não só entre países, como também entre regiões e grupos populacionais, passando a ser consideradas como regularidades empíricas inerentes ao processo de crescimento econômico mundial. O autor aponta três importantes generalizações decorrentes desse processo: i) existe um grupo pequeno de países prósperos e um grupo grande de países extremamente pobres; ii) os países do primeiro grupo encontram-se em um estado de desenvolvimento contínuo, enquanto os dos segundo o progresso médio, quando há, é mais lento; iii) nas últimas décadas as desigualdades econômicas entre esses dois grupos tem aumentado significativamente (MYRDAL, 1972).
Tais tendências para a desigualdade econômica internacional contrasta com o que se verifica dentro de cada um dos países desenvolvidos. Nesses, as tendências manifestadas são no sentido de maior igualdade de oportunidade, evolução que não se pronuncia nos demais países não desenvolvidos, pelo contrário, as desigualdades entre indivíduos, classes e regiões permanecem evidentes e com propensão de aumento.
É nesse contexto que Myrdal desenvolve o conceito de causação circular cumulativa, que vem a ser à base de sua teoria que busca explicar a estagnação dos países e regiões subdesenvolvidas. Sua principal justificativa em elaborar uma nova tese sobre crescimento econômico mundial é de que há uma evidente inadequação da posição teórica tradicional ao tratar os problemas das desigualdades econômicas internacionais. De acordo com Myrdal, os estudos da teoria do comércio internacional e da teoria econômica em geral não conseguem explicar em termos causais, como tais desigualdades econômicas se produzem e porque elas tendem a aumentar. Uma de suas maiores críticas sobre essa incapacidade, diz respeito à suposição da existência de um equilíbrio estável, em que todas as perturbações provocam reações dentro do sistema econômico, dirigidas no sentido de restaurar novo estado de equilíbrio.
O sistema econômico que não se encontra em estado de repouso estará sempre a mover-se em direção a ele, embora não o faça de modo imediato. A essência dessa pressuposição tem influência muito forte sobre a teoria econômica do mainstream e, por isso, a maior parte da literatura clássica sobre desenvolvimento era dominada pela crença de que o livre jogo das forças do mercado tenderia a eliminar as desigualdades e desencadear um movimento em direção a uma posição de equilíbrio estável. Esse equilíbrio seria caracterizado pela eficiente alocação de recursos disponíveis e a exploração do crescimento potencial da economia.
No entanto, para Myrdal haveria certos elementos da realidade social, que ele chama de “fatos da vida”, que deveriam ser caracterizados como fatores de influência sobre as tensões econômicas dos países subdesenvolvidos, mas por não serem considerados faziam as análises teóricas tradicionais limitadas por não conseguir mostrar as interações desses fatores sobre a pressuposição da existência de um equilíbrio. Tais elementos não poderiam ser considerados como consumados ou estáticos e, na maioria das vezes, suas reações se fazem normalmente por meio de desequilíbrios, fazendo a pressuposição dos estudos tradicionais cair por terra. Não há em sistemas sociais uma tendência de auto estabilização automática que faça com que a hipótese de equilíbrio estável seja corroborada quando aplicada à realidade social. O sistema não se move espontaneamente entre forças em direção a um estado de equilíbrio, mas constantemente se afasta dele (MYRDAL, 1972).
Em geral, uma transformação não provoca mudanças compensatórias e sim mudanças em direção aquelas que conduzem o sistema, com mais intensidade e na mesma direção da mudança original. Quando todo o sistema começa a se mover depois de determinada transformação inicial, as mudanças que operam nas forças atuam na mesma direção. As variáveis se entrelaçam de tal modo que uma alteração em qualquer uma dela provoca alterações na outra, fortificando as primeiras, seguindo-se efeitos terciários sobre aquela primeira variável afetada, e assim sucessivamente. Esse efeito estabelece uma causação circular, fazendo o processo social tornar-se acumulativo e, muitas vezes, aumentando aceleradamente sua velocidade. Essa é a primeira aproximação básica sobre em que se fundamenta o princípio da causação circular cumulativa de Myrdal.
Analisar a teoria desenvolvida por Myrdal perpassa pela relevância de compreender como o processo histórico e o contexto social e econômico tem relevância no debate ideológico e na formulação de teorias e estratégias que seriam satisfatórias no sentido de fazer com que países retardatários alcançassem a trajetória de crescimento econômico. Tais estudos implicam na forma como considerações relacionadas às estruturas econômicas, institucionais, às sociedades, a política, o mercado, o poder, os interesses e as convicções dos agentes econômicos e dos formuladores de estratégias de desenvolvimento, iriam orientar as ações práticas recomendadas por esses estudos.
Portanto, o presente artigo tem como objetivo realizar uma revisão da teoria desenvolvida por Gunnar Myrdal e sua contribuição no campo dos estudos sobre as teorias do Desenvolvimento Regional, que apesar de terem sido pensadas em épocas diferentes, ainda exercem de alguma maneira influências em parte da literatura atual e também, possuem identificação com algumas ideias e pensamentos que buscam explicar a estagnação e subdesenvolvimento de várias regiões no mundo.

2.      A ideia de circularidade e a perpetuação do (sub)desenvolvimento

Myrdal desenvolve a ideia de causação circular no começo da década de 1940, quando estudava as condições sociais dos afro-americanos nos Estados Unidos. A abordagem clássica de equilíbrio estável argumentava que a pobreza da comunidade afro-americana era o resultado da combinação de forças opostas, econômicas e não econômicas, que desencadearia um movimento em direção a uma posição natural e necessária (OLIVEIRA; ATTÍLIO, 2016). Contudo, Myrdal mostrou que essas forças contrárias não levavam necessariamente a uma posição de equilíbrio estável. Na visão desse autor, devido às interligações entre os diversos fatores, variações em alguns deles modificariam os demais, gerando novas interações e um processo cumulativo. Sustentando sua hipótese, o autor faz argumentações sobre a existência de círculos virtuosos quando se trata de questões ligadas ao desenvolvimento e ciclos viciosos quanto ao subdesenvolvimento.
Tal ciclo vicioso ou virtuoso seria o processo circular e cumulativo que exerceria pressão contínua de cima para baixo, no qual um fator negativo (ou positivo) nesse processo era simultaneamente causa e efeito de outros fatores negativos (ou positivos). Esse processo de ação e reação acontece de forma interdependente de tal sorte a, por exemplo, manter indefinidamente um país ou uma região em estado de pobreza.
O processo de acumulação que tende a desigualdade irá operar por meio de muitas cadeias causais. De acordo com Myrdal, tais cadeias causais não são consideradas na análise teórica do jogo das forças de mercado, mesmo que seus efeitos suscitem, em direção ascendente, na expansão do processo de crescimento econômico dos países desenvolvidos com efeitos deletérios às condições de miséria e estagnação. Tais efeitos são, para Myrdal, interdependentes em causação circular uns com os outros e atuam do mesmo modo e com consequências opostas, quando a cadeia causal atua de forma descendente naqueles países e regiões subdesenvolvidos. O mainstream não considera tais fatores, que são de extrema relevância para Myrdal, e os matem fora de sua análise.
No entanto, o autor acredita que um processo social com base nesse ciclo pode ser sustado. É nesse ponto que Myrdal defende a intervenção do Estado de modo a conter as forças de mercado, que, de outra forma, tendem a acentuar os níveis de desigualdade que alimentam o ciclo vicioso da pobreza. Essa intervenção, feita por meio de políticas planejadas e aplicadas, é vista como choques exógenos, com direção e força necessária para estabilizar o sistema. Isso é claramente o contrário de uma tendência natural para o equilíbrio inerente do sistema. Muito embora possa ocorrer tal estabilização por meio dessa intervenção, a posição que se estabelece a posteriori não é, pois, estável. Qualquer nova mudança exógena iniciará um novo processo acumulativo e assim sucessivamente.
Considerando a legitimidade de tais efeitos, Myrdal acredita que a principal tarefa científica seria analisar como essas inter-relações causais se comportam dentro do sistema, a medida que ela se move a partir de forças externas que pressionam ora em determinado sentido, ora em outro, ao ritmo de seus próprios processos internos. Para ele, o ideal não é apenas decompor os fatores em seus elementos e organizá-los de certo modo, e sim dar a cada um desses elementos medidas quantitativas de sua capacidade de influenciar os outros e de ser influenciado pelas mudanças dos demais elementos dentro do sistema ou por mudanças nas forças exógenas. As forças externas puxam e impulsionam o sistema continuamente, e ao mesmo tempo mudam a estrutura de forças dentro do próprio sistema.

3.      Forças de mercado e os aspectos da causabilidade dos efeitos “backwash” e “spread

Considerando que a principal tese da análise de Myrdal é a de que existe uma inter-relação causal e circular em todos os fatores no processo de desenvolvimento de uma nação, estado, região ou grupo populacional e que, em consequência dessa causação circular, seria inerente ao jogo das forças de mercado a tendência à desigualdade econômica, especialmente quando o nível geral de desenvolvimento econômico é baixo, é de se supor que o mercado exerce influência central na análise de Myrdal.
Para ele, o jogo das forças de mercado tende, em geral, a aumentar e não diminuir as desigualdades entre países ou regiões assim como acredita a teoria econômica convencional. Se as forças de mercado não forem controladas por uma política intervencionista, a maioria das atividades econômicas que, em economias desenvolvidas tendem a proporcionar remuneração bem maior que a média, exercem um poder de concentração de renda nessas localidades deixando as demais regiões de certo modo estagnadas. Assim, para Myrdal, as forças de mercado atuam no sentido de concentrar renda por meio de seu poder de atração sob certa centralidades econômicas que operam no sentido de crescimento contínuo às expensas de outras localidades, onde ao contrário, a estagnação e regressão relativa torna-se norma.
Observando que sempre há forças contrárias em ação, mas que, em sua opinião, aquelas promovendo o movimento de causação circular cumulativa tendem a prevalecer, especialmente em países menos desenvolvidos, Myrdal discute a existência de dois efeitos: i) os efeitos regressivos ou “backwash”, e; ii) os efeitos propulsores ou “spread”.
O efeito “backwash” produziria uma tendência de concentrar as atividades econômicas em certas áreas, deixando as demais em situações de desvantagem. Para Myrdal (1972), a maioria das atividades econômicas em expansão era capaz de produzir efeitos regressivos em outras devido ao próprio movimento do capital, da mão de obra qualificada, do comércio, que são os meios pelos quais o processo acumulativo se desenvolve. Em conexão com estas, uma grande parte de aspectos culturais como arte, literatura, ciência, educação, entre outros, florescem onde já existe um alto grau de desenvolvimento.
Uma vez que tais áreas dispõem de melhor infraestrutura e serviços para as firmas e a população, Myrdal concluiu que essas áreas poderiam atrair empresários, trabalhadores qualificados e novas firmas tendendo a favorecer as regiões de crescimento rápido e deixando as demais regiões prejudicadas, com suas demandas por capital relativamente enfraquecida afetando diretamente os demais indicadores de desenvolvimento local. Então, o livre comércio de um sistema inter-regional opera com desvantagem nas regiões pobres, limita a industrialização e altera o sistema de produção. Daí que o crescimento regional é caracterizado como um processo de desequilíbrio (RICHARDSON, 1977).
Por outro lado, o efeito “spread”, que é um efeito centrífugo, tenderia a expandir as atividades econômicas para novas áreas, propagando o centro de expansão para outras localidades. Isto ocorreria devido ao grande número de firmas operando em vários segmentos industriais e pelos altos salários pagos nas áreas desenvolvidas. Eles incluem basicamente os mercados para os produtos (tipicamente primários) das regiões atrasadas e o processo de difusão de inovação. De acordo com Myrdal, estes efeitos seriam mais fortes nos países ricos do que nos países pobres, sendo que as áreas beneficiadas pelo efeito “spread” estão localizadas próximas as áreas altamente desenvolvidas. Tais efeitos propulsores operam por intermédio de demandas ampliadas e por muitos outros meios, vinculam-se ao processo social acumulativo pela causação circular, do mesmo modo que os efeitos regressivos, em oposição aos quais eles criam mudanças compensatórias.
Na visão de Myrdal, o efeito “backwash” tenderia a dominar sobre o efeito “spread”, particularmente nos países subdesenvolvidos. Então, embora sempre existam forças “contratendeciais” que levam a produzir condições de igualdade, Myrdal afirma que a tendência geral é de uma crescente desigualdade, de tal modo que em nenhuma circunstância seja possível estabelecer uma análise de equilíbrio. A existência de uma a condição de igualdade seria o caso mais marginal entre as duas espécies de efeito, os quais se compensariam reciprocamente mantendo a região, localidade, nação estagnada. Tal posição não é compatível com qualquer tipo de equilíbrio estável, pois qualquer mudança nas forças em oposição desencadeará movimento acumulativo ascendente ou descendente.
Em regimes laissez-faire, as correlações entre esses dois efeitos tenderia a tornar cada vez maiores e crescentes as desigualdades nos países e/ou regiões mais pobres e entre esses e países e/ou regiões mais ricas. Esta conclusão coloca no centro da análise juntamente com o mercado o papel do Estado, que Myrdal examinou em conjunto com o papel das relações internacionais, como o comércio internacional, a cooperação tecnológica e a política. De acordo com Myrdal, as modernas economias industriais aprenderam a como se formular políticas aptas a neutralizar os efeitos não desejados da causação cumulativa e prevenir o aumento da desigualdade.
Os países ricos que evoluíram para o “Estado de bem-estar” iniciaram políticas estatais que visavam a maior igualdade regional: as forças do mercado que provocam “efeitos regressivos” foram anuladas e as que provocam “efeitos propulsores” apoiadas. Nos países mais pobres, por outro lado, tais programas políticos foram adotados em muito menor escala e as forças de mercado agiram mais livremente. Nesses casos os efeitos propulsores foram mais fracos, acentuando a tendência para a formação de desigualdades regionais.
Myrdal explica que o motivo de países ricos se diferirem dos países pobres em suas políticas estatais está relacionado com a ideia de causação circular. Nos países pobres há dificuldades de integração nacional enfraquecendo os esforços direcionados a redução das desigualdades, enquanto os países ricos lograram com processo econômico mais estável o que torna as medidas políticas mais efetivas. As medidas igualitárias, portanto, embora mais necessárias, enfrentam maiores dificuldades em países mais pobres devido à debilidade dos efeitos propulsores que podem vir a atenuar desigualdades. Mais uma vez, a circularidade mostra-se verdade para Myrdal: a pobreza tornando-se sua própria causa. Nos países ricos ao contrário, o progresso econômico e os níveis ascendentes de renda oferecem oportunidades para todos fortalecendo o ciclo virtuoso nessas economias.
O combate eficiente aos efeitos regressivos, por meio do fortalecimento dos efeitos propulsores só tem resultados satisfatórios na medida em que a democracia se solidifique tornando as bases da igualdade mais generalizada. Em países mais pobres, a debilidade dos efeitos propulsores correspondem maiores desigualdades econômicas, dificultando o desenvolvimento de democracias sólidas que constitui a base de poder para as medidas de políticas igualitárias que àqueles países se fazem tão necessária. Sob o ponto de vista meramente teórico é possível afirmar que tal modelo de causação se daria de acordo com os esquemas apresentados nas Figuras 1 e 2.

Figura 1 – Baixo desenvolvimento econômico como resultado de democracias debilitadas.
Fonte: Elaboração própria com base em Myrdal (1972), p. 72.

Na Figura 1 é possível visualizar a forma pela qual a debilidade da democracia influencia na manutenção do processo de estagnação do desenvolvimento econômico. Nesses casos, com efeitos propulsores relativamente fracos as forças competitivas de mercado tenderão, em causação circular, promover constantemente desigualdades regionais devido a sua ampliação; tais desigualdades conterão o desenvolvimento econômico, e ao mesmo tempo, enfraquecerão a base de poder das medidas políticas igualitárias alimentando o ciclo vicioso da desigualdade (MYRDAL, 1972).

Figura 2 – Alto desenvolvimento econômico como resultado de democracias fortificadas.
Fonte: Elaboração própria com base em Myrdal (1972), p. 72.

Já a Figura 2 mostra a forma como opera as democracias solidificadas em direção a manutenção da ascendência do processo de desenvolvimento econômico. O nível mais alto de desenvolvimento fortifica os efeitos propulsores e tende a reprimir o impulso para formação de desigualdades regionais que se dão via atuação do livre mercado. Deste modo o processo de desenvolvimento econômico não cessa e, simultaneamente, criam-se condições mais favoráveis a adoção de medidas políticas que tenham como objetivo reduzir as desigualdades regionais (MYRDAL, 1972).
A postura de Myrdal em favor da emergência de um novo papel para o Estado foi o resultado de um longo processo histórico, que transformou o velho “Estado opressor” (Oppressor State) em um “Estado do bem-estar social” (Welfare State). Nesse sentido, a teoria de Myrdal tem traços nacionalistas muito fortes em que a figura do Estado representa a principal solução no combate às tendências as desigualdades nos países mais pobres e menos progressistas, sendo ele, o Estado, responsável por apoiar a maior parte das aspirações populares de modo que sua interferência na economia nutre-se no sentido da solidariedade nacional. Devido essa importância, a próxima seção é dedicada a discorrer de que modo a promoção da integração nacional operada pelo Estado seria fundamental para a obtenção de medidas igualitárias de eliminação das desigualdades das nações na análise de Myrdal.


4.      O Welfare State e a promoção do desenvolvimento em causação circular

O Estado do bem-estar social, enquanto organização econômica e política coloca o Estado como agente da promoção social e organizador da economia desempenhando papel crucial na análise de Myrdal. Para esse autor, as medidas políticas dos estados nacionais no combate as tendências às desigualdades nos países menos desenvolvidos tem relações importantes com o progresso econômico e com o progresso social acumulativo. O modus operandi desse novo Estado se traduz em responsabilidades de regulamentação de toda vida e saúde social, política e econômica do país por meio de redes complexas baseadas em sistemas de interferência que impediriam qualquer região, indústria ou grupo social atrasar-se em seu desenvolvimento (MYRDAL, 1972).
Para Myrdal, a realização gradual desses ideais fortaleceria e ampliaria a base de solidariedade para uma política nacional com repercussões direta no progresso econômico, fortalecendo efeitos propulsores, reduzindo desigualdades e solidificando bases para uma democracia que seria, para esse autor, a condição mais exequível para a implantação de políticas estatais que visassem a igualização. Seria a maior igualdade socioeconômica a responsável por manter o progresso nacional, e caberia apenas ao Estado o papel de cumprir essa função de uniformização das bases sociais.
As reformas sociais e econômicas passariam a evoluir por suas próprias forças de forma que lutas e conflitos distributivos seriam minimizados, pois todos os agentes estariam perseguindo os mesmos objetivos, quais sejam o de preservar o pleno emprego e o ritmo de aumento da produção, que passariam a constituir a base de uma sociedade cada vez mais igualitária. Para Myrdal, essa seria a principal marca de um Estado adiantado em busca da integração nacional, responsável por fazer os interesses coletivos se tornarem muito próximos dos individuais, o que para o autor não tem nada a ver com o que prega a teoria utilitarista e de equilíbrio econômico promovido pelas forças de mercado, muito pelo contrário, trata-se,
... em ampla perspectiva, de uma “harmonia criada”, harmonia que é fruto de interferências políticas da sociedade organizada, pela manipulação das forças de mercado que, entregues a si mesmas, teriam levado a desarmonia. E o conceito de harmonia de interesses se restringe rigorosamente à nação. O “Estado do bem-estar” é nacionalista. (MYRDAL, 1972, p. 82).
Muito embora Myrdal acredite que a influência de um Estado nacional tenha sido responsável pela atenuação de desigualdades regionais nos países desenvolvidos, levando a difusão do progresso econômico ao longo do território nacional, tal atuação nos países subdesenvolvidos tenderia a se dar de forma mais limitada. A razão dessa limitação está no fato de que nesses países os efeitos propulsores são mais fracos e o Estado menos capaz de contrabalançar os efeitos regressivos do livre jogo das forças de mercado.
Myrdal busca justificar essa incapacidade de o Estado operar um plano com objetivo de integração nacional nas raízes do colonialismo, que impôs aos países subdesenvolvidos dominação política e econômica exógenas, que mesmo depois de liquidadas deixa como herança uma grande fragilidade aos Estados de direcionar sua sociedade para um caminho de desenvolvimento econômico. Além desse fator, Myrdal ressalta que essas nações também herdaram estruturas administrativas e institucionais empobrecidas e uma estrutura produtiva baseada na subsistência com núcleos encravados na produção de bens primários para exportação. Esse contexto reflete diretamente em processos sociais acumulativos que tendem a manter o quadro de estagnação ou regressão econômica em causação circular.
Portanto, para Myrdal, as intervenções políticas em países subdesenvolvidos devem ser ‘corajosas’ e de forma impreterível baseadas em um plano nacional de desenvolvimento econômico, o qual deve ser construído de acordo estudos de causação circular entre os fatores relevantes para a determinação da dinâmica do desenvolvimento econômico eficaz e eficiente. Nesse contexto caberia ao Estado a responsabilidade de estabelecer programas que basicamente seriam orientados para conter e alterar o jogo das forças de mercado de modo que se pudesse dar início a uma pressão ascendente no processo social.
De acordo com Myrdal, um plano prático e eficiente, ao contrário de ser obediente a um esquema rigoroso, deve descer a níveis pormenorizados mediante planejamentos e interferências deliberadas nos diversos setores, identificando elos fracos e fortes dentro das atividades e elevando a força dos efeitos propulsores entre setores e regiões relevantes ao sistema socioeconômico como um todo, identificando e tratando os pontos de estrangulamento da estrutura produtiva. Quando esse tipo de atuação é aplicado em um programa nacional de desenvolvimento esperam-se resultados maiores que os próprios esforços deliberados desde que esses consigam desencadear um processo acumulativo ascendente.
O autor ainda chama a atenção para o fato de que esse tipo de ação causa certa confusão e pouca aceitação entre os países mais adiantados. Nesses, o planejamento estatal vis-à-vis a iniciativa da livre empresa representa uma grande rigidez ao processo de desenvolvimento, impedindo a aplicação de critérios econômicos que determinem de modo objetivo o que deve ou não ser feito, e para isso é preciso um mercado livre e um sistema de preços e lucros independentes. No entanto, para Myrdal, tal posicionamento é “falacioso e erudito”, pois é impossível aos países subdesenvolvidos iniciar um processo acumulativo de desenvolvimento sem que haja um planejamento central feito pelo Estado.
Do ponto de vista do mercado tal planejamento que visa a integração nacional não é lucrativo. No entanto, a existência de desemprego e subemprego nos países subdesenvolvidos é vista por Myrdal como uma falha de mercado, pois o mesmo se mostra incapaz de assegurar demanda efetiva que venha a eliminar esse hiato existente no mercado de trabalho. Somente um plano nacional poderia assegurar investimentos que visassem à eliminação dessas falhas originadas pelo livre jogo das forças de mercado, mesmo que tais investimentos não fossem rentáveis e, por isso, desinteressantes a iniciativa deliberadamente privada.
Daí segue que o Estado nacional de Myrdal tem o apelo de representar o interesse coletivo e, no longo prazo, busca refletir objetivos sociais muito maiores dentro de um plano nacional de desenvolvimento. Neste plano cada novo investimento desencadeia um processo acumulativo de crescimento em toda estrutura social e econômica, resultando em expansão das bases igualitárias e progresso econômico nacional. Além disso, o autor ressalta que, para de fato haver chance de êxito no programa de desenvolvimento econômico, deve ser priorizados investimentos em fatores específicos como na educação, na saúde, na produtividade do trabalho e nos setores ligados a exploração de recursos naturais.
No entanto, é importante salientar nesse ponto que um plano nacional de desenvolvimento por essas diretrizes também perpassa, para Myrdal, por um plano de integração internacional. Isso porque um processo acumulativo descendente ou ascendente é também provocado por uma transformação nos termos de troca de intercâmbio entre nações ou regiões, principalmente quando a mudança é grande e suficientemente persistente, ou por qualquer outra que resulte em acréscimo ou decréscimo substancial nas quantidades econômicas inter-relacionadas, seja via demanda, renda, investimento ou produção.
Nesse sentido, a próxima seção visa discorrer sobre a discussão que o autor coloca no que diz respeito às características do comércio internacional e suas consequências sobre a criação de obstáculos ou anuência nas cadeias acumulativas do processo de crescimento econômico nacional. O nacionalismo é muito forte nas apregoações de Myrdal, chegando esse autor a recomendar a criação de um “Estado Mundial” que seria uma incipiente autoridade internacional dedicada a intervir na defesa de igualdade de oportunidades entre as nações do mundo por meio do contrabalanceamento das forças regressivas inerentes à atuação do livre mercado mundial.

5.      O comércio mundial e as desigualdades internacionais

Myrdal acredita que os estudos das desigualdades dentro de cada país são de grande relevância para o entendimento das disparidades internacionais existentes. Para ele, ambos os problemas muito se assemelham e, as circunstâncias em que operam as desigualdades internas são de fundamental importância para entender as engrenagens da manutenção das desigualdades decorrentes das interações do mundo como um todo. Para o autor, um exemplo importante de elementos que resultam em desequilíbrios entre centro e periferia, são os movimentos de capitais, mão de obra e outros fatores de produção a nível internacional, que segundo ele tendem a provocar efeitos sobre o centro de expansão drenando quantidades significativas de renda, poupança e demanda por investimentos entre países com diferentes níveis de renda.
Nesse sentido, o autor faz a reflexão de que o comércio internacional não atua no sentido de igualdade, especialmente em países subdesenvolvidos. No funcionamento do comércio mundial é perceptível o direcionamento de fluxos financeiros ou não a favor das regiões mais desenvolvidas. Para Myrdal, a liberalização e a ampliação do mercado mundial conferem vantagens somente nos centros de expansão, onde as atividades produtivas em geral trabalham em condições de crescente remuneração. O autor vai adiante e chega a ser pessimista ao reiterar que, pelo fato da industrialização ser a força mais dinâmica do tipo de desenvolvimento dos centros de expansão, é para ele tautológico afirmar que as regiões mais pobres que intercambiam com os centros irão permanecer essencialmente agrícolas, de modo que nem mesmo o aperfeiçoamento dos mercados nacionais seria capaz de contribuir com iniciativas de diversificação industrial da base agrícola.
Como a ampliação dos mercados internacionais fortalece em um primeiro momento os países mais desenvolvidos, a solução aos países mais atrasados seria a de desenvolver mecanismos de proteção, pois caso contrário, estariam sempre ameaçados de verem suas indústrias nacionais serem expulsas do mercado devido às importações operando de forma a manter a estagnação das bases das indústrias locais. Em um segundo momento, Myrdal acredita em algumas vantagens que o comércio internacional pode oferecer as nações menos desenvolvidas no curto prazo. Tais vantagens se relacionam com o fato de fomentar a produção voltada para a exportação que, em seu grosso, é responsável por fornecer emprego a grande quantidade de mão de obra não qualificada disponível nessas regiões.
No entanto, apesar de importante no curto prazo, em um período subsequente, tal tipo de especialização da base produtiva leva a estrangulamentos no balanço de pagamentos devido à baixa competitividade internacional de sua produção e também por ser tratar de produtos de baixo valor agregado e com inelasticidade renda de demanda. Myrdal recomenda que no longo prazo seja necessário um aumento da produtividade, das rendas e do padrão de vida naqueles setores que seriam os mais relevantes dentro da atividade agrícola com o objetivo de aumentar os salários da mão de obra dessa atividade com reflexos positivos ao fomento da indústria local.
Nesse contexto de dificuldades e pontos de estrangulamentos, Myrdal aponta que nem o movimento de capitais e nem a migração de mão de obra podem ser considerados soluções para o ajustamento das desigualdades internacionais, pois ambos os fatores esquivam-se dos países subdesenvolvidos devido a incertezas relacionadas a rendimentos e retornos sob os investimentos. Em relação ao capital, mesmo que ele seja escasso nesses países, não representam em si uma demanda efetiva no mercado mundial. Como solução, Myrdal aponta que apenas controles cambiais e políticas de desenvolvimento nacional seriam capazes de assegurar a rentabilidade dos investimentos e assegurar um processo de expansão do crescimento mais estável.
Já em relação à mão de obra, devido ao crescimento populacional observado nos países subdesenvolvidos e os baixos salários pagos pelo emprego desse fator, Myrdal considera que não há incentivos aos movimentos migratórios que de alguma forma atue no ajustamento das desigualdades entre países adiantados e mais atrasados. Muito pelo contrário, o autor acredita que os movimentos de expulsão tendem a ser muito mais fortes e com efeitos mais desestabilizadores no sentido de atenuar a pobreza e a estagnação dos países do segundo grupo.
Devido a essas assimetrias que resultam de desequilíbrios do comércio internacional, as economias subdesenvolvidas carecem de força competitiva que só podem ser acionadas através por interferências políticas por meio da comunidade mundial, ou pelas estratégias do plano nacional de desenvolvimento das nações subdesenvolvidas. Nesse sentido, tais interferências devem se dar por meio de controles cambiais, controles na balança comercial e ajustes para conter movimentos inflacionários que podem ocorrer devidos pressões que vão originar-se do processo de expansão econômica desses países.
Sem tal atuação, Myrdal afirma que o comércio internacional por si só tende a aumentar a robustez dos efeitos regressivos nos países desenvolvidos, em especial aqueles que perpetuam a estagnação da estrutura produtiva de baixa rentabilidade nos mesmos. O autor ainda chama a atenção para importância de se valorizar algumas teorias relacionadas a vantagens e custos comparativos do comércio internacional por serem importantes para o modelo de desenvolvimento dos países subdesenvolvidos.

6.      Comentários Conclusivos

Posicionando criticamente a análise teórica da economia convencional, que não leva em consideração a possibilidade de processos instáveis, explosivos e acumulativos e, portanto, nada tem a oferecer sobre a compreensão do processo de desigualdade regional, Myrdal nega a existência de equilíbrio estável nos processos sociais existentes nos países subdesenvolvidos. O sistema não é capaz de se autoestabilizar e a existência de fatores não econômicos nesse processo leva a uma dinâmica com tendências de afastamento ao estado dito de equilíbrio e a perpetuação de fatores desestabilizadores responsáveis por manter as nações subdesenvolvidas estagnadas.
Nesse contexto, Myrdal discute a existência de efeitos que, operando em favor das forças de mercado, exercem pressões no sistema no sentido de atenuar as desigualdades já verificadas em causação circular e de modo acumulativo. Tal dinâmica só poderia ser contida por meio da interferência efetiva no Estado em toda vida social e econômica da nação. Só essa interferência, efetuada por meio de um plano nacional de desenvolvimento, seria capaz de eliminar efeitos regressivos da atuação do livre jogo das forças de mercado e alavancar os efeitos propulsores com o objetivo de levar o país a uma trajetória de expansão ascendente de todo seu sistema econômico e social.
Interligando desigualdades internas e internacionais, Myrdal também acredita que os movimentos originados do comércio internacional, em especial aqueles realizados entre o centro e a periferia, também atuam no sentido de manter o cenário de estagnação nos países no segundo grupo. Para tanto, o autor sugere medidas de cunho nacionalista e, em certa medida protecionista, que resulte na eliminação das assimetrias decorrentes dessas trocas a nível mundial. A solução perpassa, portanto, por controles cambiais, mecanismos de preços em ajustes inflacionários, barreiras ao balanço comercial, dentre outros mecanismos que o autor acredita ser eficientes no sentido de minimizar esse tipo de tensão.
A abordagem da teoria de Myrdal em muito se assemelha ao núcleo duro da teoria do subdesenvolvimento latino-americano periférico da CEPAL. Assim como essa, a teoria do subdesenvolvimento de Myrdal é pouco formal e a elaboração de suas hipóteses, conceitos e implicações são conduzidos de acordo com descrições de aspectos da realidade econômicas dos países com baixo desenvolvimento e suas relações causais muito entranhadas na reprodução da condição periférica e na deterioração dos termos de troca como condições suficientes para a manutenção do contexto de estagnação nessas economias.
Como apontado por Coutinho (1973) e Colistete (2001), a estreiteza desse tipo de abordagem leva a enfoques incapazes de inter-relacionar vários aspectos factíveis a transformação da base do sistema socioeconômico associados às inovações tecnológicas, aumento do valor agregado via aumento da produtividade, a difusão tecnológica, efeitos dinâmicos da indústria sobre as bases produtivas e certas racionalidades intrínsecas à exportação de capitais, tornando a base teórica dessa formulação um instrumento de análise pouco convincente para os estudos sobre desenvolvimento regional.
Talvez por esses motivos, mesmo diante de alguma contribuição que sua teoria represente principalmente no que diz respeito à relevância de fatores não econômicos sob a persistência de desigualdades entre países e regiões, as características da teoria desenvolvida por Myrdal não se tornaram dominantes na literatura econômica. Contudo, os teóricos da nova teoria do crescimento utilizaram essas duas contribuições dentro de uma abordagem de equilíbrio estável, gerando, em muitos casos, análises e interpretações que, ao contrário do que foi exposto por Myrdal, não mostram as interações circulares e cumulativas entre forças econômicas e não econômicas como o mecanismo que gera uma persistente e crescente desigualdade.
No entanto, como apontado por Oliveira e Attílio (2016), parte desta literatura tomou uma linha diferente, observando que as análises podem mostrar a existência de múltiplos equilíbrios e armadilhas de pobreza, reconhecendo que o livre jogo das forças do mercado não tende a eliminar a desigualdade entre os países desenvolvidos e os países subdesenvolvidos e atribuindo crescente importância à influência de fatores não econômicos sobre o crescimento potencial das economias.

7.      Referências Bibliográficas

COLISTETE, R. P.. O desenvolvimentismo cepalino: problemas teóricos e influências no Brasil. Estudos Avançados, v. 15, n. 41, p. 21-34, 2001.

COUTINHO, L.. Desigualdades regionais uma revisão da literatura. Revista de Administração de Empresas, v. 13, n. 3, p. 63-73, 1973.

MYRDAL, G.. Teoria econômica e regiões subdesenvolvidas. 3ª Ed. Tradução: N. Palhano. Editora Saga, Rio de Janeiro, 1972.

OLIVEIRA, T. D.; ATTÍLIO, L. A.. Causação Cumulativa em Myrdal e seus Desdobramentos Enquanto Alternativas ao Conceito de Equilíbrio. Revista de Economia, v. 40, n. 3, 2016.

RICHARDSON, H. W.. Teoría del Cresciemento Regional. Editora Piramide. Coleccion Quantun. 1977.




[1] Estudante de Doutorado em Economia na Universidade de Brasília.

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