PUBLICADO EM 29-01-2019
O título da reportagem diz muito: No Enem, 1 a cada 4 alunos de classe média triunfa. Pobres são 1 a cada 600.
Levantamento mostra que só 293 estudantes nas piores condições socioeconômicas possíveis obtiveram notas semelhantes a de alunos de escolas de elite no maior exame do País
Os dados mostram ainda que há uma concentração desses alunos no Estado do Ceará. Mais da metade deles – 154 – cursaram o ensino médio em escolas públicas do Estado.
Meritocracia e realidade
Nota não depende apenas do esforço do alunoA análise de desempenho dos candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) indica um problema ignorado pelos adeptos apenas da meritocracia. Os resultados dos testes – medida do quanto cada aluno domina dos conteúdos que são cobrados pelo exame – estão associados a fatores que não representam somente o esforço de cada estudante para obter esse domínio mediante a dedicação aos estudos.As condições socioeconômicas do aluno interferem, objetiva e subjetivamente, na realização desse esforço e, assim, se manifestam no resultado. Pesquisadores investigam as melhores maneiras de medir esses efeitos, sabendo-se que, além da renda e de outras características familiares, até a escolaridade da mãe é fator de influência no resultado.O cálculo indica as chances que membros de cada estrato social têm para obter notas no teste. Não se trata de “condenar” ou demarcar uma situação como impossível de ser superada, mas de estabelecer os condicionamentos entre os estratos e as notas no exame.Estudos desse tipo justificam a adoção de ações afirmativas para ingresso no ensino superior. Existe, com isso, o reconhecimento de que a concorrência universal pelas maiores notas – que expressariam os maiores domínios do estudo, como funcionou durante décadas o tradicional vestibular – oculta condições de origem que a grande maioria dos alunos não pode contornar só por suas vontades ou desejos.Ocimar Alavarse – Professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP)
Esse número reflete uma série de programas que tornaram o ensino público cearense uma referência nacional, com medidas que incluem fazer as melhores escolas apoiarem aquelas que apresentam pior desempenho
Ao lado de São Paulo e Rondônia, o Ceará teve a 4ª melhor nota do ensino médio em 2017 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal medidor oficial de ensino no País
Em seguida, aparece o Pará, com 37 alunos, Minas, com 25, e Bahia, com 16.
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