segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

DÍVIDA PÚBLICA SE APROXIMA DE R$ 4 TRILHÕES

PUBLICADA EM 28-01-2019

 

A dívida pública federal, que inclui os endividamentos do governo dentro do Brasil e no exterior, teve aumento de 8,9% em 2018, para R$ 3,877 trilhões, informou a Secretaria do Tesouro Nacional nesta segunda-feira (28).

Trata-se do maior patamar da série histórica, que teve início em 2004. No fim de 2016 e de 2017, a dívida estava em R$ 3,112 trilhões e em R$ 3,559 trilhões, respectivamente.

A dívida pública subiu R$ 317,789 bilhões no ano passado. Desse total:

R$ 342,67 bilhões referem-se às despesas com juros da dívida pública;
Abatimento de R$ 23,148 bilhões por conta do resgate líquido (acima do volume de emissões) de títulos públicos no mercado.
A dívida pública é a emitida pelo Tesouro Nacional para financiar o déficit orçamentário do governo federal, ou seja, para pagar por despesas que ficam acima da arrecadação com impostos e tributos.

Quando os pagamentos e recebimentos são realizados em real, a dívida é chamada de interna. Quando tais operações ocorrem em moeda estrangeira (dólar, normalmente), é classificada como externa.

No caso da dívida interna, foi registrado um aumento de 8,5% em 2018, para R$ 3,73 trilhões. Nesse caso, o crescimento foi de R$ 293 bilhões.
Já no caso da dívida externa brasileira, resultado da emissão de bônus soberanos (títulos da dívida) no mercado internacional e de contratos firmados no passado, o governo contabilizou uma alta de 19,71% em 2018, para R$ 148,20 bilhões. O aumento da dívida externa foi de R$ 24,41 bilhões.

Dívida mais que dobrou

Segundo os dados do Tesouro, nos últimos dez anos, a dívida pública mais que dobrou: em 2008, o estoque da dívida estava em R$ 1,497 trilhão e, agora, está em R$ 3,877 trilhões.

Desse crescimento de R$ 2,38 trilhões verificado no período, mais de R$ 450 bilhões referem-se a emissões de títulos públicos para capitalizar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), instituição controlada pelo governo federal e responsável por financiar grandes projetos de infraestrutura no país nos últimos anos.

Porém, parte desse valor (R$ 310 bilhões) já retornou para o Tesouro Nacional, que utilizou os valores para baixar a dívida pública, dos quais R$ 130 bilhões somente no ano passado, e há perspectiva de que novos empréstimos da instituição financeira sejam devolvidos nesse ano.

O passivo do BNDES com o governo, que somava R$ 514 bilhões em dezembro de 2015, já havia recuado para R$ 407 bilhões no fim de 2017, e passou para R$ 299 bilhões em novembro do ano passado (último dado disponível).

Compradores

Os números do Tesouro Nacional também revelam que a participação dos investidores estrangeiros na dívida pública interna registrou queda no ano passado.

Em dezembro de 2018, os não residentes no país detinham 11,22% do total da dívida interna (R$ 418 bilhões) contra 12,12% (R$ 416 bilhões) no fim de 2016.

Com isso, os estrangeiros seguem na quarta colocação de principais detentores da dívida pública interna, atrás de

1.   fundos de investimento (R$ 1.003 trilhão, ou 26,91% do total);

2.   fundos de previdência (R$ 930 bilhões, ou 24,96% do total);

3.   e das instituições financeiras (22,74% do total, ou R$ 848 bilhões).

Perfil da dívida

Em dezembro de 2018, o percentual de papéis prefixados somou 34% do total, ou R$ 1,269 trilhão, contra 36,3% no fechamento de 2017 (R$ 1,246 trilhão). Os números foram calculados após a contabilização dos contratos de "swap cambial".

Os títulos atrelados à taxa Selic (pós-fixados), por sua vez, tiveram sua participação reduzida em 2018. No fim do ano passado, representaram 29,9% do total (R$ 1,11 trilhão). No fechamento de 2017, estavam no patamar de 30,3% (R$ 1,04 trilhão).

A parcela da dívida atrelada aos índices de preços (inflação), por sua vez, somou 28,55% no fim de 2018, o equivalente a R$ 1,06 trilhão, contra 30,6% no fechamento de 2017, ou R$ 1,05 trilhão.

Já os ativos indexados à variação da taxa de câmbio, por sua vez, somaram 7,45% do total no fim de 2018, ou R$ 277 bilhões, contra 2,72% no fim de 2017, ou R$ 93,4 bilhões.

O aumento da dívida em dólar se deve à emissão, por parte do Banco Central, de contratos de "swap cambial" - na esteira do processo de alta da cotação do dólar no Brasil, por conta, também, das tensões eleitorais.

G1

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