RESUMO
A aceleração do crescimento do setor de serviços vem sendo uma característica do
padrão de crescimento mundial. Acompanhando este padrão, no Brasil, é possível apontar para
um movimento no sentido de uma “economia de serviços”. Contudo, assim como o
desenvolvimento regional não é uniforme em todo território nacional, o desenvolvimento do
setor de serviços também não o é.
Assim sendo, o presente trabalho estuda o setor de serviços levando em conta as
características espaciais e estruturais do mesmo.
O objetivo central é dividido em quatro partes:
1) estabelecer uma hierarquia funcional inter-regional e entender a influência dos serviços no
processo de polarização urbana brasileira;
2) entender e mapear a estrutura produtiva dos
setores de serviço no Brasil a partir da hierarquia construída;
3) analisar a relação entre o setor
industrial e de serviço;
4) estudar o processo de crescimento dos setores de serviços a partir dos
condicionantes aglomerativos que influenciam nesse processo.
O trabalho lançou mão de dados
de 1995 e 2011 para os municípios brasileiros, agregados pelas AMC 91, referentes a 23 setores
de serviços e utilizou uma série de estratégias metodológicas para atingir os objetivos.
Começando com uma metodologia de regionalização, passando pela análise da estrutura
produtiva e de renda dos setores de serviços a partir de variáveis que caracterizam as economias
de aglomeração, e finalizando com um modelo econométrico espacial que visa entender a
relação destas variáveis com o crescimento dos setores de serviços, considerando a dependência
espacial do processo.
Os resultados apontam que a configuração regional brasileira, no que diz respeito a
capacidade de polarização a partir do setor de serviços não sofreu alterações muito expressivas.
As atividades de serviços continuam concentradas nos mesmos grandes polos que há 20 anos,
e esses polos polarizam regiões que também sofreram poucas alterações.
É possível observar
um padrão espacial da distribuição dos setores de serviços no sentido Norte-Sul. O Sul
concentra a maior parte da atividade do setor, apresentando maior diversidade, assim como
maior grau de competitividade e maiores economias de escala.
Já o eixo Norte do país apresenta
menor diversificação de serviços e uma forte especialização do setor 75 – Administração
Pública, denotando uma carência de atividade econômica nessa região.
Foi possível também
notar que a aglomeração e escala populacional contribuem para o desenvolvimento do setor de
serviços, assim como a correlação entre a atividade industrial e a atividade de serviços é
vi
observada.
Pode-se também apontar que apesar da grande heterogeneidade entre os setores de
serviços, com relação a localização, não há grandes diferenças na hierarquia urbana brasileira.
Por fim, o modelo de crescimento baseado na estrutura produtiva entre os anos de 1995
e 2011, foi possível observar que na maioria dos setores, a dependência espacial se mostra na
forma de erro espacialmente dependente.
Os resultados das regressões permitem ver que as
economias de localização não têm grande influência no crescimento dos setores, ao contrário a
competição local, mostrou-se significativa no período de 1995 a 2011.
Com relação às
economias de urbanização, não houve um padrão homogêneo entre os setores.
Fica de contribuição desse trabalho o estudo da localização e seus condicionais dos
setores de serviços no Brasil, de forma bastante desagregada tanto no nível regional quanto
setorial.
A partir dele é possível reafirmar o padrão de desenvolvimento regional brasileiro e
seus entraves, com a nítida concentração das atividades econômicas nas regiões mais
desenvolvidas do país e o agravamento das barreiras de evolução daquelas mais atrasadas.
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