sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Distribuição, estrutura produtiva e demanda agregada no Brasil: uma análise de inspiração Kaleckiana

RESUMO

Central no debate sobre o aumento da concentração de renda entre os anos 60 e 70 no Brasil, o papel da estrutura produtiva na determinação da distribuição de salários ficou relegado a segundo plano na literatura econômica das últimas décadas. 

Ao resgatar tais elementos para a análise da relação entre a redução da desigualdade salarial e as alterações na composição do emprego no Brasil no período recente, contribuímos para a literatura teórica e empírica sobre a relação entre distribuição de renda e demanda agregada. 

Baseando essa análise no arcabouço neo-kaleckiano, contribuímos para a literatura teórica através da construção de um modelo de economia aberta de dois setores que incorpora o efeito da desigualdade salarial sobre o padrão de consumo das famílias. 

Os resultados revelam as condições para a emergência de um processo circular de causação cumulativa entre a queda da desigualdade salarial e a transferência de empregos para o setor não comercializável, intensivo em mão-de-obra menos qualificada. 

O capítulo empírico dessa dissertação testa econometricamente a existência desse mecanismo cumulativo no Brasil, separando-o em dois exercícios: um Vetor de Correção de Erros (VEC) para a relação de longo prazo entre composição do produto e índice de Gini entre 1980 a 2014 e um Vetor Autorregressivo (VAR) para a relação de curto prazo entre as variações na desigualdade salarial e na composição do emprego no período entre 2004 e 2019. 

Os resultados parecem confirmar a hipótese de que as alterações na estrutura produtiva e na distribuição de renda reforçaram-se mutuamente ao longo do tempo.

PALAVRAS-CHAVE: Demanda agregada; Desigualdade salarial; Distribuição; Estrutura produtiva; Modelo kaleckiano

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