Resumo
Situações de aguda crise, como a recessão global ocorrida entre os anos 2007 e 2008 e a que enfrentamos no contexto atual da pandemia provocada pelo Sars-CoV-2, são momentos históricos nos quais as contradições e as falácias do neoliberalismo ficam escancaradas. Isso ocorre, entre outros motivos, porque nessas situações o Estado desponta como o único agente capaz de efetivar medidas corretivas de amplo alcance, em detrimento do ideário neoliberal, que exalta o individualismo e submete todos os aspectos da vida à lógica da competitividade de mercado. Contudo, especialmente a partir da crise financeira de 2008, muitos pesquisadores têm observado que o neoliberalismo tem mecanismos de defesa por meio dos quais instrumentaliza os próprios elementos dos quadros de crise para reforçar suas doutrinas. Assim, este artigo tem como objetivo analisar a centralidade do receituário neoliberal nas ações do governo Bolsonaro no decorrer desses últimos meses de enfrentamento à Covid-19.
Para tanto, a partir da perspectiva da “história do tempo presente”, recorremos às falas e principais manifestações do atual presidente reproduzidas em jornais, revistas e sites noticiosos que as publicam. Priorizamos as mídias que não exigem assinatura para acesso às reportagens, em razão da maior abrangência, e as que não estão no radar das denúncias de notícias falsas (fake news), conforme o reconhecido instrumento de monitoramento Sleeping Giants. E como a pandemia ainda está em desenvolvimento, fizemos um recorte específico, entre os meses de março e junho de 2020.
Palavras-chave
Covid-19; Neoliberalismo; Governo Bolsonaro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário