O instituto do segredo de Justiça precisa ser urgentemente
ilegalizado. Assim como a nudez feminina, o sigilo judicial perdeu todo o
suspense. No Cachoeiragate, a corrupção vive a mais despida das épocas.
As relações político-empresariais entraram numa fase ginecológica.
Nesta sexta (28), o ministro Ricardo Lewandowisk autorizou o envio ao
Senado de cópia do inquérito aberto contra Demóstenes Torres. Não havia
muito a ser compartilhado. As manchetes já haviam mostrado as entranhas
dos autos.
Para completar, antes que a ordem do STF fosse cumprida, o processo
foi pendurado na internet. O site ‘Brasil 247′ terminou de arrancar os
últimos e diáfanos véus do processo.
Quem lê o papelório, disponível aqui,
pergunta aos seus botões, que não respondem porque só admitem falar em
juízo: por que diabos uma investigação que expõe as entranhas da baixa
política deve ser guardada a sete chaves?
O sigilo processual pode ser justificável em muitos casos. Detalhes
de um litígio matrimonial, por exemplo, não interessam senão ao ex-casal
e ao magistrado. No caso dos políticos infiéis, porém, o biombo é
injustificável. O eleitor tem o direito de saber que está sendo traído.
A nudez de Demóstenes Torres e Cia. é triste. Ninguém pediu para ver.
Porém, se a turma resolveu ficar nua e meter-se numa orgia com
Cachoeira, qual é o sentido de privar a platéia dos detalhes sórdidos?
Recorde-se: a voz do senador começou a soar nos grampos da Polícia
Federal numa investigação de 2008.
Correndo em segredo, o inquérito chegou à Procuradoria-Geral da
República em 2009. Foi à gaveta. Em 2010, Demóstenes apresentou-se ao
eleitorado de Goiás como o mesmo paladino de sempre. Embora já fosse
outro, vendia-se como relator do projeto da Ficha Limpa. Reelegeu-se com
votação consagradora.
Sobreveio o segundo inquérito. De novo, em segredo. O que era claro,
tornou-se cristalino: mantido no escuro, o eleitor de Goiás reconduziu
ao Senado uma farsa. Assim, lento e misterioso, o Judiciário nem julga
nem deixa o eleitor fazer justiça com os próprios dedos, no teclado da
urna eletrônica.
blog do Josias
[blindar processos que envolvem dinheiro público, portanto de interesse total do PÚBLICO é inaceitável...a prática é cada vez mais utilizada quando algum figurão é pego com a calça no chão...enquanto os ladrões de galinha são expostos ao escárnio nos diversos programas policiais, sem causar quaisquer repulsas, com algumas exceções, aos protetores de reputações mais sujas do que poleiro de pato...]
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