sábado, 28 de abril de 2012

Segredo de Justiça é injusto?

O instituto do segredo de Justiça precisa ser urgentemente ilegalizado. Assim como a nudez feminina, o sigilo judicial perdeu todo o suspense. No Cachoeiragate, a corrupção vive a mais despida das épocas. As relações político-empresariais entraram numa fase ginecológica.


Nesta sexta (28), o ministro Ricardo Lewandowisk autorizou o envio ao Senado de cópia do inquérito aberto contra Demóstenes Torres. Não havia muito a ser compartilhado. As manchetes já haviam mostrado as entranhas dos autos.

Para completar, antes que a ordem do STF fosse cumprida, o processo foi pendurado na internet. O site ‘Brasil 247′ terminou de arrancar os últimos e diáfanos véus do processo.

Quem lê o papelório, disponível aqui, pergunta aos seus botões, que não respondem porque só admitem falar em juízo: por que diabos uma investigação que expõe as entranhas da baixa política deve ser guardada a sete chaves?

O sigilo processual pode ser justificável em muitos casos. Detalhes de um litígio matrimonial, por exemplo, não interessam senão ao ex-casal e ao magistrado. No caso dos políticos infiéis, porém, o biombo é injustificável. O eleitor tem o direito de saber que está sendo traído.

A nudez de Demóstenes Torres e Cia. é triste. Ninguém pediu para ver. Porém, se a turma resolveu ficar nua e meter-se numa orgia com Cachoeira, qual é o sentido de privar a platéia dos detalhes sórdidos? Recorde-se: a voz do senador começou a soar nos grampos da Polícia Federal numa investigação de 2008.

Correndo em segredo, o inquérito chegou à Procuradoria-Geral da República em 2009. Foi à gaveta. Em 2010, Demóstenes apresentou-se ao eleitorado de Goiás como o mesmo paladino de sempre. Embora já fosse outro, vendia-se como relator do projeto da Ficha Limpa. Reelegeu-se com votação consagradora.

Sobreveio o segundo inquérito. De novo, em segredo. O que era claro, tornou-se cristalino: mantido no escuro, o eleitor de Goiás reconduziu ao Senado uma farsa. Assim, lento e misterioso, o Judiciário nem julga nem deixa o eleitor fazer justiça com os próprios dedos, no teclado da urna eletrônica.

blog do Josias

[blindar processos que envolvem dinheiro público, portanto de interesse total do PÚBLICO é inaceitável...a prática é cada vez mais utilizada quando algum figurão é pego com a calça no chão...enquanto os ladrões de galinha são expostos ao escárnio nos diversos programas policiais, sem causar quaisquer repulsas, com algumas exceções, aos protetores de reputações mais sujas do que poleiro de pato...]

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