Um partido que é de direita, é de centro e é de esquerda
Primeiro a mostrar que tipo de serviço a 
ministra Ana Arraes se dispunha a fazer no Tribunal de Contas da União, 
Reinaldo Azevedo foi também o primeiro a denunciar a obscena decisão que
 favoreceu os mensaleiros Marcos Valério e Henrique Pizzolato. Nesta 
segunda-feira, de volta ao assunto, meu amigo e vizinho constatou já no 
título do post que “a prática velha de Ana Arraes dá a cara de Eduardo Campos, o ‘novo‘”.
 E abriu o texto com o recado mais que pertinente: “A reação da oposição
 e da imprensa àquela que, entendo, foi uma das maiores agressões à 
institucionalidade em muitos anos foi modesta. Não! Foi pífia!”
Os jornais noticiaram preguiçosamente a jogada que transformou o TCU 
em avalista da inocência do gatuno Marcos Valério. E não associaram o 
relatório de Ana Arraes, que deixou o gerente-geral da quadrilha menos 
intranquilo, à informação divulgada por VEJA neste fim de semana: a mais
 perigosa caixa-preta do país vinha ameaçando revelar detalhes de 
encontros que teria mantido com Lula antes da descoberta do mensalão.
Se a imprensa cochila, a oposição oficial dorme profundamente o sono 
dos otários que se acham malandros. Caso acordem, os líderes do PSDB, do
 PPS e do DEM poderão ser instados a comentar o que fez a mãe de Eduardo
 Campos. E não convém melindrar o dono de um partido que, se já não é 
sócio, pode vir a sê-lo. O prefeito Gilberto Kassab, como se sabe, 
inventou um partido que não é de esquerda, nem de centro e nem de 
direita. Eduardo Campos foi mais esperto que o fundador do PSD: conforme
 as circunstâncias, o PSB é de esquerda, é de centro ou é de direita.
Isso permite a Eduardo Campos estar com o PT em São Paulo, com o PSDB
 em Belo Horizonte e contra os dois no Recife. Tratado como inimputável 
pelo governo e pela oposição, o governador de Pernambuco não ouviu 
sequer uma interjeição de espanto ao mostrar-se capaz de uma ousadia que
 jamais passou pela cabeça dos coronéis da velha guarda. Para levar 
vantagem nos acertos que faz, o moderno coronel nordestino põe até a mãe
 no meio.
Por Augusto Nunes 
 
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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