Na
categoria Indústrias Diversas, a adoção de ferramentas de gestão da cadeia de
fornecimento supera, e muito, a média geral do estudo As 100+ Inovadoras no Uso
de TI.
Uma característica comum ao setor
industrial quando o assunto é tecnologia é o foco dado a questões operacionais.
Historicamente, esse é um segmento onde aplicações fabris são extremamente
caras e acabam assumindo o primeiro escalão na hora de definir investimentos.
Mas esse quadro vem mudando – até porque a competição com empresas altamente
sofisticadas exige das companhias brasileiras o mesmo patamar de excelência de
produtos, atendimento e gestão.
E é gestão o grande destaque das
corporações que responderam ao estudo As 100+ Inovadoras no Uso de TI na
categoria Indústrias Diversas. Todas as 19 empresas ouvidas são usuárias
contumazes de sistemas integrados de gestão, os ERPs – a média geral da
pesquisa indica que a adoção desse tipo de ferramenta é de 82,45%. Como se não
bastasse, 38,9% das companhias do segmento realizaram projetos considerados
muito importantes ou importantes em seus ERPs nos últimos 12 meses.
Esse
é o caso da GE Dako, a segunda colocada no setor e 27ª na classificação
geral. Em 2003, a fabricante de produtos de linha branca realizou a migração de
seu sistema para uma nova plataforma, ao mesmo tempo em que fez uma completa
revisão de seus processos. Usuária do Datasul Magnus desde 1996, a
empresa, com vistas a uma aquisição que seria finalizada no ano passado, fez,
em 2002, uma análise da ferramenta mais atual da fornecedora nacional frente ao
sistema da Baan. Acabamos por optar pelo Datasul EMS, além de definir
a troca da plataforma de dados Progress por Oracle, conta Artur Paoletti,
CIO.
A
solução foi implantada em duas plantas fabris, localizadas em Campinas e Itu,
no interior do Estado de São Paulo. Em Campinas fizemos uma migração. Já em
Itu foi necessário substituir o BPCS, que rodava na empresa que adquirimos. E o
trabalho foi realizado, com equipe interna, em apenas quatro meses,
orgulha-se o executivo. O segredo para tal agilidade foi um acordo fechado com
a alta administração da GE Dako. Decidimos implantar a solução padrão
– trabalho conferido a uma consultoria externa –, com um pequeno índice de
customização, a cargo da nossa equipe, apenas em processos que mostrassem ganho
financeiro ou diferencial competitivo.
Uma
das áreas em que as empresas da categoria parecem entender que TI pode ajudar a
ganhar competitividade é na automação do chão de fábrica – 84,2% das companhias
ouvidas fazem uso dessas ferramentas, contra uma média geral de 43,7%. Com
um sistema do gênero, nós conseguimos ganhos em inventário, que era incompleto,
de pessoal e de estoque. Tudo isso integrado ao nosso back office, conta
Ailton da Costa Silva, gerente de informática e comunicação da Eucatex,
quarta colocada no setor.
A
história de utilização de TI na Eucatex é bastante interessante e dá uma
mostra de como a tecnologia era – e em alguns casos ainda é – encarada pelas
indústrias brasileiras. Eu vim para cá em 1975, para implantar o primeiro
mainframe IBM, que foi substituído no início dos anos 90, quando adotamos
plataformas médias e descentralizadas, lembra Silva. Nós sempre
trabalhamos olhando para a relação custo/benefício, nunca por modismos.
Tanto
que, na virada do ano 2000, eu não gastei nenhum tostão com substituição de
sistemas. Tudo já estava pronto havia muito tempo, garante o executivo.
Apesar
das palavras de Silva, o segmento tem um dos mais altos índices de utilização
de identificação por radiofrequência – RFID –, uma das tecnologias mais quentes
do momento. No geral, são casos de projetos-piloto, que buscam encontrar
aplicações que façam sentido para os negócios e que justifiquem o alto
investimento necessário. Nós estamos levando o RFID para todas as usinas de
fumo, para contagem de estoque, diz Andrew Paulo Cordery, CIO da Souza
Cruz, empresa mais inovadora dentre as Indústrias Diversas e 15ª na
classificação geral.
O
trabalho atual com RFID vem suportado por um projeto-piloto de seis meses. A
tecnologia ainda é muito cara. Por isso estamos usando apenas nas usinas de
fumo, que exigem uma quantidade menor de equipamentos, esclarece Cordery. Mas
não vejo como fugir desse tipo de aplicação.
Outro
destaque da Souza Cruz é a integração da cadeia produtiva. No setor, 57,9% das
empresas são usuárias de sistemas de gestão da cadeia, ante uma média geral
36,3%. O processo, com nossos fornecedores, já existe aqui há muito tempo,
garante o CIO da empresa. Desde o plantio do fumo, que envolve 45 mil
produtores agrícolas, até o processamento e entrega do produto final, tudo está
integrado. Em alguns casos, nossos fornecedores têm acesso direto ao SAP.
Com uma infraestrutura operacional que
Cordery classifica de sólida, o futuro próximo será dedicado à definição
de um sistema corporativo de metas de negócios, baseado em ferramentas de business
intelligence e balanced scorecard. Está sendo criada, na área de
TI, uma equipe multidisciplinar de BI para criar essa plataforma de apoio à
decisão, finaliza o executivo.
Fonte
SCAGLIA, Alexandre. A cadeia em
destaque. [S.l.: s.n.].
Nenhum comentário:
Postar um comentário