A história de Portalegre-RN é riquíssima, mas inúmeros fatos marcantes não são conhecidos por boa parte da população, nem explorados adequadamente pelo Poder Público.
Portalegrenses participaram ativamente da 'revolução' de 1817 que, a partir de Pernambuco, espalhou-se rapidamente e tinha como propósito a separação da Coroa portuguesa.
A seguir apresento alguns trechos de materiais que citam o evento e a participação dos 'valentes' portalegrenses.
A Revolução Pernambucana, também conhecida como Revolução dos Padres, devido a importância que os mesmos tiveram em sua organização e divulgação, foi um movimento separatista contra a Coroa Portuguesa que ocorreu em 1817 na capitania de Pernambuco.
igreja matriz antiga 06.01.1762
A Revolução de 1817 repercutiu também em
Portalegre, onde encontrou adeptos intransigentes que aderiram ao movimento
revolucionário republicano, envolvendo figuras representativas da terra.
Lá estavam, entre outros, o Padre
João Barbosa Cordeiro (o padre foi figura central no
movimento. Dentre outras atribuições foi responsável pela publicação do
periódico "Bússola da Liberdade" - "o periódico fora criado e redigido pelo padre João Barboza Cordeiro,
ativo participante do movimento político de 1817 no Rio Grande do Norte" - AQUI - p. 59), Capitão Leandro Francisco Cavalcante (Personagem central na fundação de Caraúbas - AQUI / Vindo de Pernambuco chegou em terras caraubenses em 1760 - AQUI), Capitão Leandro Francisco
Bessa, Coronel José Francisco Vieira Barros, prontos para ajudar a derruba a
monarquia e implantar o regime republicano. Fizeram reuniões, redigiram e
escreveram atas, e realizaram passeatas comemorando a vitória da revolução
republicana.
A alegria durou pouco tempo. O movimento
revolucionário foi abafado e eles foram presos, escoltados para a Bahia, como
subversivos, para cumprirem no cárcere, as penas da lei. No Apodi os revoltos
reconheceram o governo, e por isso, não houve prisões.
Fonte: Histórias
e Vultos de Minha Terra - Válter de Brito Guerra, 1995. Coleção Mossoroense
Série C, Volume CCCXIII.
57º (quinquagésimo sétimo) governante da
Capitania do Rio Grande do Norte De 29 de março a 25 de abril de 1817
[A partir] do alvará de 12 de Dezembro de 1770
foi organizado um governo interino para administrar a capitania do Rio Grande
do Norte, e para tal o senado da câmara escolheu o Capitão e Comandante da
tropa de linha Antônio Germano Cavalcanti de Albuquerque e o Vereador André
Álvares Pereira Ribeiro Cirne, que após constituírem o seu gabinete não
encontraram grandes embaraços quando expediram os preciosos avisos às vilas das
capitania, com exceção da vila de Portalegre aonde David Leopoldo Targini,
emissário dos rebeldes naquela vila, à frente de um grupo armado prendeu os
enviados do governo antes de chegarem ao seu destino, e que ao tomarem
conhecimento dos acontecimentos de imediato marchou para a vila, onde se juntou ao
Vigário João Barbosa Cordeiro e convocou a população para instalarem um governo
formado pelo Vigário João Barbosa Cordeiro, o Tenente-coronel Leandro Francisco
de Bessa, o Sargentomor José Vieira de Barros, o Capitão Manuel Joaquim Palácio
e do Tenente Felipi Bandeira de Moura.
Que marcharam junto à forças comandadas por Miguel
César emissário dos rebeldes de Pernambuco contra as vilas onde se tivessem
levantado as reais bandeiras e depois encaminharam-se à capitania do Ceará, e
nos primeiros dias de Maio, o governo interino da capitania do Rio Grande do
Norte, ao tomar conhecimento do levante realizado por David Leopoldo na vila de
Portalegre, imediatamente ordenou que marchasse da vila da Princesa um corpo de
infantes para prender os membros do governo revolucionário e seus promotores,
com exceção do Padre Gonçalo Borges de Andrade que fugira junto com David
Leopoldo. E durante quatro anos, os réus pronunciados, permaneceram nos
cárceres da Bahia, somente em 1821, logo após o estabelecimento da junta
governativa, organizada em conseqüência da revolução portuguesa do ano
anterior, e que após tomarem conhecimento do processo e das graves
irregularidade nele contido, de imediato mandaram anular o processo e fizeram
expedir os mandados de soltura dos presos. (AQUI p.6 e 7)
PORTALEGRE POR NOVE DIAS JÁ FOI CAPITAL
10/05/1817 A 19/05/1817
Parece mentira, mais não é, a pequena
comunidade encravada no topo de uma serra, no sertão potiguar, a belíssima
Portalegre já foi a capital do Rio Grande do Norte, por nove dias, de 10 a 19
de maio de 1817.
Com o desaparecimento do GOVERNO REPUBLICANO,
mas precisamente em 26 de abril de 1817, com o assassinato de ANDRÉ DE
ALBUQUERQUE e a prisão dos revolucionários, Portalegre, por 9 dias, serviu de
capital do Rio Grande do Norte independente.
Decidida a abolir a Coroa portuguesa, da
pequena Vila de Portalegre a resistência se fazia contra as vilas rebeldes ao
acalentado desejo de emancipação dos potiguares.
OS REVOLUCIONÁRIOS:
1 - PADRE JOÃO BARBOSA CORDEIRO, natural de Ociana-OE, nascido a 6 de junho de 1792, filho de Manoel Barbosa Cordeiro e de Maria José de Menezes Cordeiro.
Em 1817
ele era o vigário da freguesia de Portalegre, no Rio Grande do Norte, quando
instalou a revolução republicana, preparada em Recife e com ramificação nas
províncias da Paraíba, Pernambuco e Ceará.
O Padre
Cordeiro tomou parte muito ativa nesse movimento, sendo membro do governo
provisório instalado em 10 de maio de 1817, na vila de Portalegre.
A 19,
vitoriosa a contra revolução, o vigário Cordeiro fugiu, com outros implicados,
para o interior da Paraíba, onde foi preso e conduzido para Recife e daí para
Bahia, em cujas prisões permaneceram até o indulto geral de 1821.
Participou
igualmente, da revolução de 1824, sendo por isso, novamente preso; mas,
achando-se doente no hospital militar, pode daí evadir-se, internando-se pelos
sertões, onde se dedicou ao magistério da instrução secundária.
Anistiado
mais tarde, foi nomeado vigário de Granja, no Ceará, paróquia que regeu até
1848, quando, permutou-a com a de Nossa Senhora dos Prazeres, de Maceió-AL, era
cônego honorário da capela Imperial e cavaleiro da Ordem de Cristo. Publicou
diversas obras em prosa e em verso.
O
“Dicionário Biográfico de Pernambucanos Ilustres”, do Dr. Pereira da Costa,
inseriu um soneto do Padre Cordeiro. Faleceu na cidade de Maceió-AL, 1864.
2 -
AGOSTINHO FERNANDES DE QUEIROZ, natural de Martins-RN, nascido a 21 de
abril de 1780 e faleceu em 6 de março de 1866. Terceiro filho de Domingos Jorge
de Queiroz e Sá e de Maria José do Sacramento. Casado com sua prima Maria Gomes
de Queiroz, filha do Coronel Agostinho Fernandes de Queiroz e de Francisca do
Sacramento.
Os pais e as mães eram irmãos, sendo eles, portanto, primos
carnais, Agostinho sempre residiu na então povoação de Serrinha dos Pintos
(atual cidade, criada pela lei Nº 6.492, de 30 de outubro de 1993, instalada em
1) de janeiro de 1997, que teve como primeiro prefeito o senhor Luiz Gonzaga de
Queiroz, eleito em 3 de outubro de 1996).
Tomou Parte ativa no movimento
revolucionário de 1817 e dada a vitória da legalidade, foi preso com outros
participantes da revolução. Transportado preso para Salvador Bahia, ali
permaneceu quatro anos. Anistiado, voltou a sua terra natal, trazendo dali,
sementes de jaca, tão produtivas ainda hoje. Quem conhece Martins, comprova
esta realidade.
Todos os
historiadores potiguares, sobretudo o saudoso Luís da Câmara Cascudo (3012/1892
– 30/7/1986), têm salientado a personalidade deste filho ilustre de nossa
querida e amada terra de Martins, o qual tomou parte em novos movimentos
patrióticos, como a organização de um batalhão cívico, de elementos de
Martins, Portalegre e Pau dos Ferros, à invasão iminente da fronteira pelos
grupos de Pinto Madeira, caudilho cearense, defendendo assim a Província
em território distante.
Em 1838,
o regente do Império nomeou-o um dos Vice-Presidentes da Província do Rio
Grande do Norte. Em 27 de fevereiro de 1842, era empossado como primeiro
presidente da Câmara Municipal de Maioridade, posteriormente, Imperatriz e
atual cidade de Martins, governando até 7 de janeiro de 1845, quando passou o
cargo para o senhor Domingos Velhos Barreto Júnior, este irmão de Alexandrinha
Barreto, primeira esposa do governador Joaquim Ferreira Chaves Filho.
Agostinho
Fernandes (que rejeitou o sobrenome PINTO depois de combater as hostes daquele
caudilho invasor, conforme ofício ao Presidente da província do Rio Grande do
Norte, Dr. Manuel do Nascimento Castro e Silva.
3 – PADRE GONÇALO BORGES DE ANDRADE
4 – JOÃO SARAIVA DE MOURA
5 – ANTONIO FERREIRA CAVALCANTE
6 – MANOEL JOAQUIM PALÁCIO,
7 – LEANDRO FRANCISCO DE BESSA
8 – JOSÉ VIEIRA DE BARROS
9 – PEDRO LEITE DA SILVA
10 – FRANCISCO MARCAL DA COSTA NEVES
11 – JOSÉ DA SILVA CAVALCANTE
12 – PADRE MANOEL GONÇALVES DA FONTE
13 – FELIPE BANDEIRA DE MELO.
O
Governo revolucionário teve vida efêmera, mas deixando, todavia, para a
posterioridade o exemplo de coragem, abnegação e patriotismo daqueles bravos
sertanejos que sacrificaram seus interesses particulares e suas liberdades em
defesa dos sagrados princípios de liberdade e soberania nacional, cujo registro
que os portalegrenses até os dias têm a grande honra e orgulho de expressar
entre eles mesmos e visitantes – Portalegre já foi capital.
Em Natal
a revolução se mantivera de 29 de março a 25 de abril de 1817, encerrando-se
com o assassinato do comandante André de Albuquerque. Foi-me impossível de
conseguir dados pessoas de todos os revolucionários.
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